sexta-feira, 28 de abril de 2017

Objectos









Por aí se refere basto que
de navios, flores e guarda-chuvas
são feitos os poemas.
Todos eles.
Ou nenhuns.
Pois tais objectos
«poemas», por princípio, não o são
e, no fim, talvez sejam menos ainda.
Uns são átomos,
outros falácias são.

jef, abril 2017

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Sobre o filme «A Criada» de Park Chan-Wook, 2016















O mais interessante deste filme está patente no magnífico cartaz.
A imagem de uma tramóia rocambolesca passada nos anos 30, durante a ocupação da Coreia pelo Japão. Imagens orientais fortes recortadas sobre a luz do luar enevoado ou das lanternas sombrias. Construídas ao gosto ocidental deslumbrado pelo traço japonês como sucedia no início do século passado. Belos fatos, belas luvas, soalhos, jardins de pedras e lagos interiores que escondem caves de acesso interdito e prazeres inatos.
Quem trama quem? Quem fala verdade? Quem seduz?
Uma intriga com gangsters sádicos mas silenciosos e mulheres poderosas, ardilosas, perspicazes e sedentas. Um triller executado sobre um intricado enredo em jeito de super-heroínas que derrotam tios manhosos e larápios sedutores. Cores poderosas, linhas firmes sobre a célebre arte erótica oriental coleccionada numa biblioteca para leitora ensaiada e ouvintes excitados.
Mas o mais interessante do filme é, principalmente, a imagem de comédia lúbrica, técnica homo-erótica e sadismo aristocrático, meio Arsène Lupin displicente meio Mandrake galã, que nunca desaparece e até se intensifica nas penúltimas cenas. Enquanto se inalam cigarros embebidos em mercúrio e os dedos são guilhotinados, o torturado sorrindo para o torturador comenta: «Ao menos morro com o sexo ileso.»

jef, abril 2017

«A Criada» (The Handmaiden) de Park Chan-Wook. Com Min-hee Kim, Kim Tae-Ri, Jung-woo Ha, Jin-woong Jo, Hae-suk Kim. Coreia do Sul, Cores, 144 min.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Sobre o filme «Os Amantes Crucificados» Kenji Mizoguchi, 1954


















Sobre este filme perfeito não há muito a dizer. Só a contemplar.
Romeu e Julieta, Pedro e Inês, Tristão e Isolda. Mohei (Hasegawa Kazuo) e Osan (Kagawa Kyôko). A tragédia da paixão saldada perante a sociedade pelo sacrifício dos amantes.
Kenji Mizoguchi revela a eterna ferida do amor desencontrado com a mais fina elegia. Resume a beleza dessa imolação, traduz toda a poética dramática da humanidade num amor que só é alvejado a meio do drama, sobre uma barca, em fuga, adiando o desfecho na perpetuidade de uma fugaz declaração de amor. 
Tudo termina ali. Tudo aí começa. O amor eterno é findo!
O espectador sabe-o pois, até ali, assistiu a uma espécie de comédia de costumes, com troca de identidades, estatutos sociais, sucesso laboral, amabilidade e alegria e, na breve e descomunal cena, confronta-se com a inevitabilidade da tragédia. Só a fuga está reservada aos amantes mas, todos sabemos, a sociedade é implacável e não admite insurrectos.
Assim sempre foi declarado o sofrimento do amor por todo o teatro clássico, o existencialista, e o demais, o oriental e o ocidental. Apenas a chama da serenidade é colocada, como ponto final, com a execução da pena. Como acontece na irreverente paixão de Jesus Cristo.
Contudo, em «Os Amantes Crucificados», Kenji Mizoguchi faz ecoar a beleza total como salvação do mundo, expondo “politicamente” a iniquidade da sociedade à verdade absoluta do Amor.
Um filme a guardar num recanto muito especial do coração.

jef, abril 2017

«Os Amantes Crucificados» (Chikamatsu monogatari) de Kenji Mizoguchi. Com Hasegawa Kazuo, Kagawa Kyôko, Minamida Yôko; Shindô Eitarô, Ozawa Eitarô; Sugai Ichiro, Tanaka Haruo; Ishiguro Tatsuya. Argumento: Yoda Yoshikata e Matsutarô Kawaguchi a partir da peça de Monzaemon Chikamatsu, fotografia: Miyagawa Kazuo, montagem: Suganuma Kanji, produção: Masaichi Nagata / Daiei Studios, música: Hayasaka Fumio. Japão, 1954, P/B, 100 min.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Sobre o filme «Ma Loute» Bruno Dumont, 2016





                                












A tragédia do ridículo.
Poderá «Ma Loute» chegar, digamos, não aos calcanhares mas à cintura de «O Pequeno Quinquin», o filme de Bruno Dumont de 2014. No entanto, o realizador continua a jogar como muito poucos num dos campos cinematográficos mais difíceis: o ridículo como modo analítico do género humano. Voltemos a Jacques Tati, Charlie Chaplin, Fernandel, Buster Keaton, Totò, Monty Python, Vasco Santana… Não jogaram todos eles nesse mesmo campo? Foram poucos, mas venceram.
E no drama «A Morte em Veneza» de Luchino Visconti, não será o ridículo que provoca o desfecho trágico e deixa o compositor Gustav von Aschenbach mártir de uma solidão fatal? Quantas vezes não transporta a solidão os genes do ridículo. E o ridículo dói.
Ou faz rir.
Lembrei-me do filme de Visconti de 1971, por comparação com a sua banda sonora. Dumont vai buscar um adagio como contraponto trágico ao burlesco: «Barberie – prelúdio ao 2º Acto» (1890) do compositor belga Guillaume Lekeu, compositor de tragédias musicais e morto aos 24 anos... Sem dúvida que a partitura quando surge obriga a uma brusca mudança emocional por parte do espectador.
Assim como as perspectivas cénicas e paisagistas sobre a praia, o mar e alguma “suspensão” aérea. Ou a beleza andrógina da actriz Raph, que surge ora rapaz ora rapariga, provocando reacções inusitadas e desgraçando a compostura tanto do povo, como da aristocracia. Os canibais Brufort contra os incestuosos Van Peteghem. Ridículos uns, ridículos os outros. Mas verdadeiros!
Serão estas apenas coincidências com o grande filme de Visconti? Não desejará Bruno Dumont tocar a bainha operática e política da mestria de Visconti?
Acho que sim e que o faz com seriedade, expondo a beleza ao disparate, opondo as figuras das duas cunhadas, Juliette Binoche e Valeria Bruni Tedeschi, dos dois cunhados, Fabrice Luchini e Jean-Luc Vincent, dos dois polícias, do pai Brufort e filho Brufort… Uma composição entre o happy e o unhappy end enquadrada numa extraordinária banda sonora. Muita atenção ao som dos passos, dos vestidos, dos corpos, à intraduzível pronúncia do povo, à afectada pronúncia dos ricos. Aqui tudo chia, talvez ridiculamente, talvez tragicamente. Mas tudo acaba bem, com uma procissão à Nossa Senhora do Mar e um brinde com champanhe ao chefe da polícia que, quando enervado, se entufa ligeiramente…
Mas sim, aqui tudo acaba bem…

jef, abril 2017

«Ma Loute» de Bruno Dumont. Com Fabrice Luchini, Juliette Binoche, Valeria Bruni Tedeschi, Jean-Luc Vincent, Brandon Lavieville, Raph, Didier Després, Cyril Rigaux, Thierry Lavieville, Caroline Carbonnier, Manon Royère Laurèna Thellier. Alemanha / França, 2016, Cores, 122 min.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Sobre o filme «Contos da Lua Vaga» Kenji Mizoguchi, 1953


















Pode discutir-se ad nauseam se o filme faz parte da lista dos 100, 20 ou 10 melhores filmes de sempre.
A verdade é que o deslumbramento que provoca no espectador deve provir da sua reverência estética, da sua beleza absoluta, da intricada incoerência onírica. Irreverência realista? A vida pode ser extremamente bela mas não é coerente e muitas vezes nem verosímil é! A guerra vive entre nós, assim como a tragédia e o amor, a ganância e o encantamento. A traição. Os mortos vivem entre nós, connosco, falamos com eles. Talvez se revoltem. Talvez de nós se condoam. A solução pode estar na mais simples e bela peça de cerâmica, no talhe de um kimono executado em seda pura, na devoção suprema entre um homem e uma mulher.
Porventura, o nosso remorso se esconda no jardim abandonado que se transforma em sumptuoso palácio aristocrático, na neblina suave que submerge com medo infantil um lago povoado de piratas. Afinal, quem não tenha privado com fantasmas que o diga, quem não os tenha convocado, aos mortos e desparecidos, que o negue.
Aqui, andamos em permanência na busca da identificação e da sombra de uma mulher. Quem será ela? Andrómaca, Maria, Eurídice, Penélope, Desdémona, Inês de Castro, Madalena… A diva, a mártir, a gueixa, a trágica! Aqui a mulher é ser supremo!
Também entramos na viagem, ou na sua negação… Para quê partir se o que mais desejamos é regressar ao ponto de partida, como refere João Bènard da Costa?
Em «Contos da Lua Vaga» entramos, em definitivo, no mundo puro e certo da narrativa do Universal.

jef, abril 2017

«Contos da Lua Vaga» (Ugetsu Monogatari) de Kenji Mizoguchi. Com Masayuki Mori, Kinuyo Tanaka, Machiko Kyo, Mitsuko Mito, Sakae Ozawa, Kikue Mori, Sugisaku Aoyama, Ryôsuke Kagawa, Ichisaburo Sawamura. Argumento: Yoda Yoshikata e Matsutarô Kawaguchi sobre os contos de Akimori Ueda, fotografia: Kazuo Miyagawa, montagem: Mitsuzô Miyata, produção: Masaichi Nagata, música: Fumio Hayasaka e Ichirô Saitô. Japão, 1953, P/B, 95 min.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Sobre o disco «Mornas ao Piano» de Tété Alhinho. Trem Azul / Sony, 2017




















Pode o disco não mudar o rumo da canção cabo-verdiana.
A música popular vive o drama de não ceder às peias que a fixam à tradição mais arreigada e, ao mesmo tempo, não resistir a mudar aquilo que tem de ser mudado a cada nova gravação. Se já foi cantado por que cantar de novo? 
Criatividade a quanto obrigas!

O disco não é bem nacional cançonetismo. Não são bem mornas. Nem jazz, nem fado, nem bossa nova. Tudo se aproxima mais da canção de embalar enlevada pelo timbre de Tété Alhinho, terno, um tanto sussurrado, por vezes trémulo, sem altercações modernistas ou requebros «soul» de trazer por casa. A cantora tem uma longuíssima tarimba no mundo da canção, sabe bem o que faz e, principalmente, sabe melhor o que gosta de cantar. Promove o disco por crowdfunding e vence. Prossegue o seu caminho sem alaridos e traz o seu modo particular às pautas de B’Leza, Mário Lúcio Sousa, Daniel “Hhela” Spencer, Paulino Viera, Jacinto Estrela, Antero Simas e da própria Tété Alhinho.

São apenas saudosas e novas melodias acompanhadas a piano (Carlos Matos, Ricardo de Deus, Victor Zamora), contrabaixo (Carlos Barretto, Francelino Silva), percussão (N’du Carlos, Paulo Charneca, Rob Leonardo), cavaquinho (Jon Luz), violino (António Barbosa) e guitarra (Américo “Meca” Lima).

Mas quem não as consiga dançar ou não se permita chorá-las, então que adormeça no seu colo. Foi também para embalar que Tété Alhinho as entoou. E se nada sentir ao ouvir «Sina de Cabo Verde», «Sodade Tem Pena de Mim» ou «Talvez», então aconselho a telefonar ao cardiologista de estimação a solicitar um transplante com urgência.

Quem não perceber que «Lua Bonita», da autoria da Tété Alhinho, é mesmo uma extraordinária morna, então que vá ao otorrino!


jef, abril 2017

terça-feira, 18 de abril de 2017

Sobre o filme «O Amigo Americano» de Wim Wenders, 1977























Um Estudo em Vermelho.
Diz Wim Wenders sobre este filme: «Todos os filmes são políticos. Antes de mais, aqueles que de modo algum o querem ser: os “filmes de entretenimento”. São os filmes mais políticos que existem porque exorcizam das pessoas a ideia de transformação. Tudo está bem como está, dizem, em cada plano. São um anúncio único das condições vigentes. Julgo que “O Amigo Americano” não se deixou apanhar por isso. É, na verdade, um “filme de entretenimento” e é empolgante. Porém, não confirma o vigente. Pelo contrário: tudo é transformável, tudo está ameaçado. O filme não tem conteúdos políticos explícitos. Mas não é estupidificante. Não faz das suas figuras títeres e, por isso, os espectadores também não. Infelizmente, muitos filmes “políticos” fazem-no.»

Wim Wenders tem razão. É a explícita consciência por parte do realizador, essa vontade de transformar pela estética o mundo «vigente» do cinema, o americano e o outro, que faz de «O Amigo Americano» um objecto maravilhosamente académico.

Não só a capacidade de torcer a persona «Ripley» de Patricia Highsmith ao ponto de a colocar entre o modo americano de Dennis Hopper e o alemão de Bruno Ganz. Não é pelas ostensivas e constantes referências a John Ford, a Yasujiro Ozu, a Alfred Hitchcock. Não será a devoção cinéfica tutelar que demonstra ao confrontar Nicholas Ray, Samuel Fuller ou Jean Eustache, em situações que tanto poderiam fazer parte do «filme noir», do «road movie», dos filmes de cowboys e de comboios. A banda sonora a lembrar permanentemente o suspense na história do cinema. Os constantes truques e reviravoltas que forçam a personagem Jonathan a entrar ao arrepio da lógica realista mas enquadrada na narrativa clássica de troca de personalidades e vontades até provocar o climax-anti-climax de uma solução ex-machina.

Ou talvez seja simplesmente o apelo declarado pela estética de um carro que percorre uma praia barreira barragem; ou um cowboy que anda em equilíbrio instável no parapeito do viaduto canyon; ou uma criança protegida pela família a reconstruir-se; ou uma doença que devolve e retira a identidade; ou um pintor morto que ainda pinta sem identidade; ou a identidade de uma moldura vazia. Uma pintura sobre o traço de azul adulterado. Ou uma mancha de vermelho a unir o filme do princípio ao fim...
Um Estudo em Vermelho, diria Sir Conan Doyle. Um estudo que nos envolve, nos devolve, nos declara, o amor puro ao cinema universal.

jef, abril 2017

«O Amigo Americano» (Der Amerikanische Freund) de Wim Wenders. Com Bruno Ganz, Dennis Hopper, Lisa Kreuzer, Gérard Blain, Nicholas Ray, Samuel Fuller, Jean Eustache, Peter Lilienthal, Daniel Schmid, Sandy Withelaw, Lou Castel, Andreas Dedecke, David Blue, Stefan Lennert, Rudolf Schündler, Gerty Molzen, Heinz Joachim Klein, Rosemarie Heinikel, Heinrich Marmann, Satya de la Manitou, Axel Schiessler, Adolf Hansen, Klaus Schichan. Argumento: “O Amigo Americano” de Patricia Highsmith, música: Jürgen Knieper, fotografia: Robby Müller. Alemanha, 1977, Cores, 123 min.

domingo, 16 de abril de 2017

Paradoxo














Como paradoxo cruel,
o vento solidifica-se entre os ramos nus da insatisfação.
Deste modo, vai cristalizando a razão da tristeza,
permitindo-a livre,
impante,
flutuada,
sem o peso conformado para assentar,
poeira,
ou suster-se, última,
sob a massa ígnea do esquecimento.

jef, abril 2017

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Corpo











Dizem que a felicidade é um caso momentâneo, desaparece da rede quando menos se espera, surge da difícil conjugação de átomos circunstanciais. Dizem.
Por isso, da felicidade, acrescentam, ser um caso metamórfico. Metafísico.
Diria eu ser um caso sério.
Um caso que se constrói com o corpo. Nada para além dele, tudo por ele.
Assim, porque é caso factual, a felicidade, a frase, a ideia, o beijo.
Depois, o facto eleva-se, o que resta do corpo, o que foi construído por ele, a imagem, a casa, a leitura, essa pele que se veste por dentro, transforma-se, metamorfiza-se, metafísica-se. Conclui-se, parece escapar. Deseja transmitir-se ao outro. Corpo após o corpo, ou seja, corpo com corpo. A felicidade.
Já não é corpo, também não é memória, não possui sequer passado, coisa que não tem existência para além do corpo que agora se toca. Nem aquilo que se antecipa, que viria a ser corpo mas ainda não o é. O futuro.
Só o corpo existe, cultura de células, ideias, casas, imagens, beijos, leituras.
O corpo, essa cultura de factos circunstanciais, de casos metamórficos. Metafísicos.
Só a felicidade existe como extensão do corpo. Se calhar nem este existe. As bactérias gostam dele ao ponto de o fazerem desaparecer.
As ideias levam-nas o vento.
As imagens levam-nas a luz quando o Sol se esconde.
As casas continuarão mas apenas se forem desejadas, habitadas. Os beijos porventura ficarão nos lábios alheios, e as leituras, apenas se o papel impresso não for deixado à chuva, ao vento, se o fogo não o consumir, se não ficar debaixo dos escombros, das guerras, exposto aos dias durante o Verão.

Repito:

Por agora, só a felicidade existe como extensão da palavra que, para alguns, significa «corpo».


jef, abril 2017

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Sobre o disco «A Day for the Hunter, a Day for the Prey» de Leyla McCalla. Jazz Village / Harmonia Mundi, 2016






















Saia da sua zona de conforto e entre na sua zona de conforto mas de modo muito mais consciente. Este é um disco importante.

«Um dia para o opressor, outro para o oprimido» escolhe a violoncelista Leyla McCalla como tema para definir essa coisa estranha que é a vida. Ela que vem do Haiti para abraçar todos os ritmos do Louisiana, de New Orleans, e reconhecer quanta força a transumância obrigatória e repressora da escravatura veio transmitir à música universal. Leyla McCalla declara através do provérbio haitiano esse modo eterno de «resistência- subterfúgio» usado pelos povos para poderem chegar até ao futuro.

Mas Leyla McCalla faz mais. Com a sua voz de vibrato suave e afinado, terno e assertivo, impõe ao modo popular, à folk e à country, aos blues e à balada, uma beleza quase erudita e cerimoniosa, reverente e provocadora. Francês, inglês e crioulo do Haiti, temas brutos e amoráveis, ajudados pela mestria de Rhiannon Giddens, Louis Michot, Marc Ribot, Sarah Quintana, ou dos Lost Bayou Ramblers,. Tudo soa à acústica do Sul das margens quentes e húmidas do Mississipi e dessa maravilhosa e afectuosa mistura de cores de pele.

Será que uma canção de embalar pode acordar o espírito ou estar a um passo de uma marcha fúnebre? Quem oiça «A Day for the Hunter, a Day for the Prey» de Leyla McCalla que o diga.

Para mim um dos provérbios para jamais esquecer.
Um dos álbuns de 2016.

jef, abril 2017