domingo, 11 de maio de 2025

Sobre o disco «Scars and Ashes» de Decline and Fall. Bleak Recordinds, 2025.


 











Podemos tomar este disco como a afirmação de um percurso desejado, amado e coeso através do princípio libertário dos Decline and Fall. Pesquisar nos arquivos do passado a eterna sustentação da criação no presente. Simples e complexo ao mesmo tempo, porque vão directamente vasculhar aos meus próprios arquivos (Ah, Joy Division! Ah The Durutti Column!) 

O futuro é simplesmente uma consequência e este LP é o futuro lógico e consequente dos dois EP, «Gloom» e «Pulse», editados pela banda em 2024. Digamos que a partir do negro que toda da luz absorve expande-se esta ópera electro-pop-punk sobre a viagem ao interior emocional de um coração que busca e se perde, mas também em torno do nosso quarto fechado – como se estivéssemos a revisitar a «Viagem à Volta do Meu Quarto» (Xavier de Maistre, 1795).

Dois actos, nove faixas, que terminam, um, com a expressa vontade do regresso a casa mesmo que todos os caminhos sejam enviesados e se dirijam a uma outra cidade, no final do lado A (“Rome”); o outro, com o belo e talvez possível reconforto no seio de um amor, no final do lado B (“Whenever Your Eyes Glow”).

Um álbum tão íntimo e obscuro quanto luminosamente sinfónico.

Ao mesmo tempo, um álbum muito fácil de entender, quase viciante.

A capa reproduz duas peças do artista plástico Paulo Romão Brás.

 jef, maio de 2025


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