Longe
vai o ano de 2006, quando estreou o soberbo «Still Life – Natureza Morta». Longe
vai também a inauguração em Pequim dos Jogos Olímpicos de 2008 ou a pandemia
global de 2019. Este filme é como um enorme álbum de fotografias
animadas e musicais. É um belo arquivo fotográfico, cheio de tele-discos, que
não assume a presunção de se sobrepor a toda a obra do próprio realizador, apesar de nos recontar a história de Pequim a Zhuhai passando pela velha cidade de
Fengjie que se viu submergida pela colossal barragem das Três Gargantas, destruída tijolo a tijolo com milhares e milhares de deslocados. Assim nos
conta o tal filme «Still Life – Natureza Morta». Soberbo, repito.
Aqui vamos visitar (ou revisitar) a história recente da China e da produção
artística do realizador através de certo “desencontro-procura-encontro-desencontro”
entre Qiao (Zhao Tao), cantora e dançarina, com o produtor
musical Bin (Li Zhubin).
Um
filme para quem gosta de observar e escutar sem tentar ligar as imagens
captadas, aqui e ali, como sinal de um povo e do seu modo privado no seio do espaço público.
Nunca invasivo ou etnográfico, mas consciencioso e amável. Talvez mesmo essa característica de silencioso observador e coleccionador de olhares e gestos o mais
importante e belo neste filme-resumo “Jia Zhang-ke”.
jef,
junho 2025
«Marés
Vivas» (Feng liu yi dai / Caught by the Tides) de Jia Zhang-ke. Com Zhao Tao,
Li Zhubin, Pan Jianlin, Lan Zhou, Hu Maotao, Xu Changchu. Argumento: Jiahuan
Wan e Jia Zhang-ke. Produção: Zhang
Dong, Shozo Ichiyama, Casper Liang Jiayan. Fotografia: Eric Gautier, Nelson
Lik-Wai Yu. Música: Lim Giong. China, 2024, Cores, 111 min.
Sem comentários:
Enviar um comentário