quinta-feira, 5 de junho de 2025

Sobre o filme «Marés Vivas» de Jia Zhang-ke, 2024


































Longe vai o ano de 2006, quando estreou o soberbo «Still Life – Natureza Morta». Longe vai também a inauguração em Pequim dos Jogos Olímpicos de 2008 ou a pandemia global de 2019. Este filme é como um enorme álbum de fotografias animadas e musicais. É um belo arquivo fotográfico, cheio de tele-discos, que não assume a presunção de se sobrepor a toda a obra do próprio realizador, apesar de nos recontar a história de Pequim a Zhuhai passando pela velha cidade de Fengjie que se viu submergida pela colossal barragem das Três Gargantas, destruída tijolo a tijolo com milhares e milhares de deslocados. Assim nos conta o tal filme «Still Life – Natureza Morta». Soberbo, repito.

Aqui vamos visitar (ou revisitar) a história recente da China e da produção artística do realizador através de certo “desencontro-procura-encontro-desencontro” entre Qiao (Zhao Tao), cantora e dançarina, com o produtor musical Bin (Li Zhubin).

Um filme para quem gosta de observar e escutar sem tentar ligar as imagens captadas, aqui e ali, como sinal de um povo e do seu modo privado no seio do espaço público. Nunca invasivo ou etnográfico, mas consciencioso e amável. Talvez mesmo essa característica de silencioso observador e coleccionador de olhares e gestos o mais importante e belo neste filme-resumo “Jia Zhang-ke”.


jef, junho 2025

«Marés Vivas» (Feng liu yi dai / Caught by the Tides) de Jia Zhang-ke. Com Zhao Tao, Li Zhubin, Pan Jianlin, Lan Zhou, Hu Maotao, Xu Changchu. Argumento: Jiahuan Wan e Jia Zhang-ke. Produção: Zhang Dong, Shozo Ichiyama, Casper Liang Jiayan. Fotografia: Eric Gautier, Nelson Lik-Wai Yu. Música: Lim Giong. China, 2024, Cores, 111 min.

 

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