Hoje em dia, e quem sabe talvez mesmo ontem em dia, muitos
andam para aí a falar da boca para fora (e do seu porta-moedas para dentro).
Por isso, veio-nos à ideia apelidar assim o volume #8 de «A Morte do Artista».
Como chegámos até aqui é difícil de explicar pois o ritmo
editorial é desenfreado e louco. Uma revista por ano!
Relata o editorial no seu início:
«Escrever um texto a oito mãos seria tarefa fácil para um
polvo, caso os polvos dominassem a arte da escrita. Tratando-se de bichos
homens, em oito mãos contam-se 40 dedos, mais do que as letras do alfabeto,
cada um deles com disponibilidade para pressionar o teclado (uns com mais destreza
do que outros, pois está claro). Além disso, é preciso acrescentar um mínimo de
quatro cérebros, cada um mais teimoso do que o outro, pois sabe-se que, sem
estes, as mãos ficam penduradas, sem saber onde se meter…»
Desta feita, e atrás do já referido tema «Da Boca para Fora»,
chamámos 11 escritores que na sua opinião e ficção se juntaram a nós com todo o
seu bel-prazer. Afinal, a ficção é a maior e a melhor das verdades. Uma verdade
que todos desejamos que seja a razão imaginada de uma felicidade comum.
A saber.
Hélia Correia é a nossa querida artista consagrada que
nos conta a história «Estar a mais». Uma espécie de profecia sobre a robótica
do novo corpo e a sensualidade abstracta do novo espírito.
Julieta Monginho narra uma viagem sentimental,
emocional e estratégica de uma separação em modo turístico.
Em «Verdes» Margarida
Fonseca Santos fala-nos de uma pintora que olha o colorido da botânica com
a sensibilidade familiar de uma casa que está prestes a desaparecer.
João Nuno Azambuja transcreve o seu apócrifo evangelho
sobre a leviana palavra de Deus «Fiat Lux».
Fernando Ramalho revela-nos algumas páginas secretas
dos «Cadernos da Aliança Operária».
Ricardo Marques segreda-nos ao ouvido a poética de um «Tríptico da
boca para fora».
Karl Seglem traz-nos a poesia do gelo norueguês no
sopro de «Os ventos contínuos».
Ozias Filho desvenda-nos a carícia da palavra
dita pelos lábios açucarados de «Marshmalow».
Rui Môço conta-nos afinal um segredo húmido. O
que em silêncio diz o diálogo entre dois corpos «Da boca p’ra dentro».
Manuel Abrantes escreve sobre a história fantástica
de um romance «Inesquecível».
João Aveiro Pereira fala-nos em «Da boca para fora» da
conturbada vida laboral de um jobem cumpridor.
Por fim, Miguel Jesus escreve
uma carta de amor a Hélia Correia - «Querida
Hélia».
Pelo meio, os mais mentirosos, os artistas mais moribundos,
reunidos: Fernanda Cunha, Manuel Halpern, Paulo Romão Brás e este que assina João Eduardo Ferreira, compõem o modo gráfico e reescrevem sobre a imagem
ou a ideia de um diálogo entre papagaios dorminhocos; a lição de nos sentirmos
a sós dentro de nós próprios; ou de um inesperado graffiti daltónico; de um
veneno como definidor de uma relação com futuro incerto; de um modo artístico e
plástico “Espuma, Ruído e Atonia (2020-2025”; ou sobre a ideia individual de um
candidato que toma o princípio privado do seu futuro pelo fundamento do
colectivo eleitoral.
E, assim, mais uma vez em Maio, o mês dos malmequeres, dos
milagres, das mulheres e dos homens, também da liberdade, da democracia e das
eleições, «A Morte do Artista» #8 será lançada aos quatro ventos, pólens e
alegrias na Biblioteca do Palácio
Galveias, em Lisboa, no dia 17 de
Maio, pelas 16h00. Haverá drama,
convívio, refrescos e bolinhos.
Venham de lá para cá! Para a mais bela Biblioteca Palácio
Galveias!
Não faltem!
jef, maio 2025
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