«Clair
de Lune» foi composto por Claude Debussy no início do século passado inspirado
no poema de Paul Verlaine. Uma obra ondulante e sonhadora sobre a
eterna tristeza que nunca deixa de dançar por entre o segredo nocturno das
árvores. Em tom menor. Digamos que é uma faixa maravilhosamente escondida no
final do novo livro do pintor de ocasos André Ruivo.
Um
parágrafo escrito em modo expressamente pós-romântico, debilmente lírico,
inspirado ele na contra-capa final deste «Pôr-do-Sol». Dentro, dez obras que
desenham a melancolia abstracta com que a tarde termina, o sol final se insinua
e a perspectiva vazia da noite chega. A espera dolorosa e eterna pelo clarear possível da aurora. O sol é infinitamente teimoso em desaparecer.
Não
direi que os desenhos são a preto e branco, pois o traço muito denso, escuro e
linear está inscrito em suave cartolina de cor da pérola. Pelo meio, as teias nevróticas
da aranha mostram os seus vértices pontiagudos. Vá, talvez seja apenas uma momentânea sesta nocturna compensada com uma pequena ajuda química. Talvez um sonho, uma
janela aberta. Uma lágrima.
São
histórias muito simples, talvez mesmo dramáticas, o que neste livro de 18 x 18 centímetros
o artista plásticos André Ruivo nos está a contar.
E
nós contamos com ele.
jef,
maio 2025
Sem comentários:
Enviar um comentário