domingo, 14 de fevereiro de 2016

Sobre o filme «Carol» de Todd Haynes, 2015















América estranha.
Se existe uma América estanha é esta, a dos anos 50. Anos de horror político e moral, anos de esplendor estético e simbólico. A melhor sociedade para o melodrama visual. Douglas Sirk bem a soube aproveitar. Sim, «Sublime Expiação» 1954, «O Que o Céu Permite» 1956!
Todd Haynes é um apaixonado por esse “esconder – revelar”; “proibir – exibir” do amor indizível. «Longe do Paraíso», 2002. Será impossível esquecer Julianne Moore, Dennis Quaid ou Dennis Haysbert, mergulhados na mestria dos enquadramentos, da banda sonora de Elmer Bernstein, da paixão de um guarda-roupa. 
O realizador regressa, em 2015, à estrutura moralizante de uma América esteticamente tão forte que torna «Carol», por vezes, um pantone de estereótipos. Mas nada retira o supremo gosto de rever Cate Blachett (essa, a belíssima, a única, «Blue Jasmine» Woody Allen, 2013), Carol rodando em torno de Therese Belivet (Rooney Mara). Ambas, talvez, e repito com cautela, demasiado aprisionadas em tonalidades, tecidos, décors, automóveis… mas ainda sustentadas por uma banda sonora fidelíssima ao cinema de então (Carter Burwell). Tome-se ainda muita atenção às dezenas de canções escutadas.
A América dos anos 50 podia ser anacrónica, imoral e bela, mas não será o mundo de hoje igualmente anacrónico, imoral e belo? É o que Todd Haynes nos vem dizer pelo mais simples prazer de ir ao cinema!

jef, fevereiro 2016

«Carol» de Todd Haynes. Com Cate Blanchett, Rooney Mara, Sarah Paulson, Kyle Chandler. Música: Carter Burwell. Argumento a partir de «o Preço do Sal» de Patricia Highsmith. EUA / França / Grã-Bretanha, 2015, 118 min.

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