América estranha.
Se existe uma América estanha é esta, a dos anos 50. Anos de
horror político e moral, anos de esplendor estético e simbólico. A melhor
sociedade para o melodrama visual. Douglas Sirk bem a soube aproveitar. Sim,
«Sublime Expiação» 1954, «O Que o Céu Permite» 1956!
Todd Haynes é um apaixonado por esse “esconder –
revelar”; “proibir – exibir” do amor indizível. «Longe do Paraíso», 2002. Será impossível
esquecer Julianne Moore, Dennis Quaid ou Dennis Haysbert, mergulhados na
mestria dos enquadramentos, da banda sonora de Elmer Bernstein, da paixão de um
guarda-roupa.
O realizador regressa, em 2015, à estrutura moralizante de uma
América esteticamente tão forte que torna «Carol», por vezes, um pantone de
estereótipos. Mas nada retira o supremo gosto de rever Cate Blachett (essa, a belíssima, a única, «Blue Jasmine» Woody Allen, 2013), Carol rodando
em torno de Therese Belivet (Rooney Mara). Ambas, talvez, e repito com cautela,
demasiado aprisionadas em tonalidades, tecidos, décors, automóveis… mas ainda
sustentadas por uma banda sonora fidelíssima ao cinema de então (Carter
Burwell). Tome-se ainda muita atenção às dezenas de canções escutadas.
A América dos anos 50 podia ser anacrónica, imoral e bela,
mas não será o mundo de hoje igualmente anacrónico, imoral e belo? É o que Todd
Haynes nos vem dizer pelo mais simples prazer de ir ao cinema!
jef, fevereiro 2016
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