O mote é dado no
início. A pequena Benedetta (Elena Plonka), devota a nossa senhora (e com uma
escultura em madeira na mão que a representa), faz afastar os malévolos
cobradores de impostos com um passarinho que defeca no olho de um deles.
Ainda criança, é acolhida no convento de clausura e tiram-lhe a estatueta e as ricas roupas em troca de um
áspero hábito de burel e de uma choruda pensão dada à confraria por parte do
seu pai. Ela reza apaixonada a uma virgem de seio desnudado que lhe cai em
cima mas não a mata. Antes pelo contrário.
Mais tarde, Benedetta (Virginie
Efira) encontra a noviça, a pobre pastora Bartolomea (Daphné Patakia), e ambas recuperam
a velha e milagrosa estatueta em madeira. Os milagres sucedem-se, os estigmas
surgem e a peste não chega a entrar na toscana Pescia, vila que acolhe o convento.
O iconoclasta realizador Paul Verhoeven, depois de colocar Isabelle Huppert no centro da também iconoclasta personagem de Michèle em «Ela» (2016), persegue o tom de comédia negra onde a acção bélica com espadeiradas e sangue a esguichar é condensada no suspense de uma investigação quase criminal e no erotismo das cenas entre as duas freiras.
O tempo pestilento, de pouca higiene e sem vacinas num filme próprio para ser visto no Natal de 2021.
jef, dezembro 2021
«Benedetta» de Paul Verhoeven.
Com Virginie Efira, Charlotte Rampling, Daphné Patakia, Lambert Wilson, Olivier
Rabourdin, Louise Chevillotte, Hervé Pierre, Clotilde Courau, David Clavel, Elena
Plonka. Argumento: David Birke, Paul Verhoeven, baseado no livro “Immodest
Acts: The Life of a Lesbian Nun in Renaissance Italy” de Judith C. Brown.
Fotografia: Jeanne Lapoirie. Música: Anne Dudley. Produção: Saïd Ben Saïd,
Jérôme Seydoux. França / Itália, 2021, Cores, 131min.
Sem comentários:
Enviar um comentário