Gosto
particularmente deste género de filmes onde o lado social e colectivo do género
humano se cruza de modo crucial (e sintético) com a caracterização psicológica de um personagem.
Todo o filme é centrado na intimidade de Ramsès que, com sensibilidade, bastante
generosidade, mas muito pouco bom senso, muita mentira e esperteza saloia mas
urbana, montou um negócio de sucesso como vidente num bairro multi-cultural parisiense.
A pobreza é grande, a inveja é maior e Ramsès não tem descanso a partir do
momento em que é assaltado por um bando de rapazes-crianças-bandidos que vivem nas
ruas e jardins.
O
actor Karim Leklou é surpreendente e dá o corpo e alma, a
ansiedade e o desespero a essa personagem convictamente profissional mas cada
vez mais angustiado, fazendo com que o espectador lhe siga a corrida
uniformemente acelerada e o veja enredado nas consequências da sua mentira.
E
se, na base da intriga, existe uma pergunta que nunca obterá resposta é
certamente outras das razões que merece a atenção do
público para um "argumento inacabado".
jef,
janeiro 2023
«Filhos de Ramsès» (Goutte
d'or) de
Clément Cogitore. Com Karim Leklou, Malik Zidi, Elsa Wolliaston, Jawad Outouia,
Elyes Dkhissi, Yilin Yang, Loubna Abidar, Djibril Bouhadi, Ahmed Benaïssa, Elsa
Wolliaston, Chakib Mokhtari, Ayoub Lafdal, Adam Benhalla, Losseni Sanoko, Lacina
Sanoko, Farida Ouchani. Argumento: Clément Cogitore. Produção: Jean-Christophe
Reymond, Camille Marquet. Fotografia: Sylvain Verdet. Música: Eric
Bentz. França, 2022, Cores, 98 min.
Sem comentários:
Enviar um comentário