segunda-feira, 27 de julho de 2015

Sobre o filme «A Flauta Mágica» de Ingmar Bergman (1975)

















A Honra no Olhar

O que Bergman faz à música de Mozart e às palavras do libreto de Schikaneder, vertidas em sueco, é aproximá-las do nosso olhar até ser visível apenas a essência da verdade. Não podemos desviá-lo dos rostos, das vozes, dos bastidores, da plateia. Somos guiados pelo olhar da criança que indicará o caminho.

E são tantos os substantivos olhados e as escolhas que estes cativam... A Verdade, a Mentira, a Prudência, a Audácia, a Paciência, a Beleza, a Arte, a Amizade, a Lealdade, a Traição, a Liberdade, a Fraternidade, a Confiança, a Inocência, o Amor!

Pouco importa de onde partem as palavras, só devemos colocar uma questão: ainda constarão elas do dicionário contemporâneo? Ou estarão confinadas apenas aos carcomidos pergaminhos medievos ou maçónicos?

Por qual dessas palavras, então, começaremos ao ficarmos dentro de um palco, dentro de uma sala de cinema, dentro de nós próprios, ausentes do acessório, centrados no essencial, no fulcro que só a arte e a beleza pode conceder?

Perante um dos melhores filmes musicais de sempre, devemos acima de tudo reservar-lhe a consciência e o olhar da Honra.

(Ser-me-á permitido usar ainda esta última palavra?)

jef, julho 2015

«A Flauta Mágica» (Trollflöjten) de Ingmar Bergman, 1975. Com Josef Köstlinger, Irma Urrila, Håkan Hagegård, Ulrik Cold.

Sem comentários:

Enviar um comentário