Gosto do tempo lento.
Prefiro o arrastar das horas
da tarde para além da tarde
do corpo para além do corpo.
Quando o mar sabia ser
de seres estranhos e solitários
e o ar enchia o espaço de
balões
de mastaréus e gáveas
imaginários.
As estepes eram das palavras
os palácios reflectiam lagos
as florestas corriam através
dos cavaleiros.
Cada nome tinha uma história
fundamental
os dedos procuravam o sono
no sereno roçagar do pó das
páginas.
As noites ficavam em branco
e São Petersburgo recebia o
despertar eterno
a bela Samarcanda vivia ao
longe.
Havia moinhos que lutavam
cabelos ao vento
e as selvas possuíam fauces
negras.
Um ou outro Emílio a procurar
detectives.
Um ou outro Barão trepador.
Guardo o tempo lento dentro de
um relógio
E entrego-o ao coelho.
[…]
E espero pela Mãe que vem
sempre apagar a luz.
jef, outubro 2015
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