Onde é guardado o futuro?
Na palma das mãos?
No fundo dos olhos?
Na poeira esbranquiçada que reveste o córtex?
Na aorta, junto do coração que lateja?
Talvez antes na ponta do lápis, na grafite deslizando sobre
as fibras irregulares do papel manteiga.
Carbono sobre carbono,
puro como o diamante
mas sem o tetraedro
a endurecer-lhe o olhar.
Um olhar menos vítreo,
mais cúmplice.
Ligações duplas.
O futuro anda perdido
nas finas camadas dos dias que deslizam suavemente umas sobre
as outras.
Assim deve ser.
Matéria mais dúctil
como os dedos de uma mão.
Mais dócil
como um olhar que se aprofunda.
Mais próximo
como o córtex quando adormece
e entrega a tarefa da procura certa ao coração
[único músculo com alma, pulso, vasos e duplas ligações]
quando, batida após batida, vai contando,
entre os sonhos da
grafite,
o tempo que me falta para ir buscar o futuro.
"como o córtex quando adormece
ResponderEliminare entrega a tarefa da procura certa ao coração"
Frase linda e genial!!!
Gosto muito de ti, poeta.
Desejo-te muito mais poesia - esta noite enquanto o teu coracao andar nessa tarefa certa de procura... signifique, para ti, uma profunda gestacao criativa e inovadora.
Continua!!!
(Perdoem-me a falta de acentuacao.)