quinta-feira, 6 de julho de 2017

Sobre o filme «Mãe Rosa» de Brillante Ma Mendoza, 2016















Quando se olha de dentro do carro da polícia a banda sonora ocupa o espaço de uma cidade toldada pelo ruído, pelo movimento, pela chuva. Parece ouvir-se um chiar de roda eléctrica sobre os carris. O silêncio da música instala-se. Estamos isolados do mundo e da família. Assim como Rosa e Nestor, apanhados pela rede da polícia corrupta, pelo vício lamacento, pelos 50.000 pesos necessários para uma fiança arrancada a ferros. A família está separada. Mas a família é o único garante para que a vida ganhe à sobrevivência. Os filhos humilham-se para que o orgulho vença. Têm de vencer. Manila não soçobrará. A família é una e indivisível.
Brillante Ma Mendoza faz de novo tese após «Lola» (2009) e faz parar a angústia e a ansiedade sobre a longa cena em que Rosa Reyes (Jaclyn Jose) vai empenhar o telemóvel da filha pelos necessários 4.000 pesos e, finalmente, as lágrimas soltam-se em silêncio. Ela fica a olhar uma mãe e um pai a fecharem o negócio ambulante com a ajuda dos filhos crianças.
Finalmente Rosa fará, uma vez mais, reerguer a família. Mas está sozinha.
Naturalmente Jaclyn Jose recebe em Cannes (2016) o prémio para melhor actriz principal.

jef, junho 2017

«Mãe Rosa» (Ma' Rosa) de Brillante Ma Mendoza. Com Jaclyn Jose, Julio Diaz, Baron Geisler, Jomari Angeles, Neil Ryan Sese. Filipinas, 2016, Cores, 110 min.

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