sábado, 7 de junho de 2025

Sobre o disco «Gloom» de Decline and Fall. Bleak Recordinds, 2024.



 







Será necessário regressar a «Gloom», o primeiro EP do trio Decline and Fall, para compreender o mundo que os envolve (nos envolve). Talvez mesmo esperar pela quarta e última faixa, “Europa” para entender como a música (a arte) pode estar, agora mesmo, a fazer ainda mais sentido.

                                   «Villains as leaders

                                      Banks are now the white bull

                                      People are weaker, nothing left to lose

                                      Land soaked in blood, in mud we crawl

                                      Bang the war drum, as we decline and fall»

Assim fala o poema de Ricardo S. Amorim. Premonitório? Talvez sim.

Contudo, as quatro faixas (“Belief”, “Undone”, “Gloom” e a referida “Europa”) têm um lado muito mais espiritual, mesmo psicanalítico, do que político. Tudo gira no interior de uma Europa que nós construímos dentro de nós do que a Europa politicamente histriónica, também a das redes digitais, que nos inunda e irrompe na nossa intimidade espiritual.

Digamos, que aqui encontro um lado cinematográfico. Como se um certo David Lynch viesse convocar os Portishead ou Joy Division para construir um mundo visual forte e peremptório, onde Beth Gibbons, Ian Curtis ou Julie Cruise fossem apenas peças soltas que a minha própria memória, ostensivamente parcial, insiste em sobrepor e baralhar.

Porque é evidente que o vigor obscuro, entre a pena e o remorso, a perda e a eterna busca, é a obstinada independência e a força resistente e original de Decline and Fall (Armando Teixeira, Hugo Santos, Ricardo S. Amorim, e o baixo convidado de Miguel L. Pereira em “Undone”).

Música que devemos continuar a ouvir no nosso futuro.            

 

jef, junho de 2025

https://banddeclineandfall.bandcamp.com/album/gloom

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