O milagre da ionização do enxofre.
Sem traçar paralelos ou cruzar linhas secantes com a Nouvelle
Vague, Jean Seberg ou Jean-Paul Belmondo, esta é das mais puras histórias de
amor alguma vez idealizada. Exactamente por nada contar. E tudo dizer só pelo desconforto
de uma terra estranha e quente que devia acarinhar mas só agride o passado que
foi escolhido e, agora, talvez seja rejeitado. Uma separação de Tempos que obriga
a monossílabos ácidos, a olhares desviados, à busca de paisagens que se revelam
fora da escala humana. O desconforto desse passado reflectido em miniatura na
História magnífica de Nápoles e na sombra de um Vesúvio que exorbita os iões de
enxofre. A fleuma que esbarra na agreste amabilidade de um povo. Um povo que
acabará por dissecar e expor aos nossos olhos o poder clássico do romance.
Um modo cinematográfico a que Rossellini bem poderia ter chamado o milagre da
ionização do amor.
jef, abril 2015
tenho a mesma sensação de beleza e de um grande filme quase sem história. Eu , aqui nas Caldas , faço com os amigos um cine clube com os filmes que temos por casa. todos juntos e uma selecção de qualidade . Neste momento estamos a ver Visconti e " l'inocente"- O intruso.bj fafa
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