A
banalidade da moral.
Suspeito
que Terrence Malick caiu no logro de se apaixonar por si próprio, baixou as
guardas e acabou por se amortalhar no sarcófago da própria linguagem. Que
pretenderá ele dizer com este filme? Ou, melhor, que quererá ele que o
espectador pense (ou sinta) com o seu filme?
Não
é suficiente colocar Mahler, Handel, Debussi ou Ravel, pelo meio de Red Hot
Chili Peppers, Iggy Pop, Meredith Monk ou da deusa Patti Smith.
Não
é bastante ensopar a tela de planos rasantes à água, crepúsculos maravilhosos, cortinas
verticais a envolver belas actrizes, camas desfeitas, arquitectura nouveau riche
com vidros e acrílicos em modo lloyd-wright-pechisbeque e uma voz
off a dizer continuamente banalidades pseudo-bíblicas de auto-ajuda.
É
confrangedor ter tantas e tão belas actrizes no plateau e colocá-las dentro de
um argumento celofane, sem estilo nem tónus: Cate Blanchett, Natalie Portman, Natalie
Portman e a (bela, bela!) Patti Smith que, com a sua presença até parece que
vai salvar o filme…. Mas não! Tudo desperdiçado.
Assim
como Michael Fassbender…
Só por isso, o realizador deveria ser punido por lei e
obrigado a voltar aos bancos da escola.
Será
que Terrence Malick quer dizer que o mundo do rock e das tournées em Austin-Texas
é um mundo desgraçado, leviano, imoral, sem graça, onde todos vivem aparvalhadamente
alegres, entediadamente deprimidos, entre festas e lençóis, até chegar a mãe para
dizer que a nora não presta? (A nora é apenas a maravilhosa Cate Blanchett!).
Um
realizador que pretende mostrar, outra vez, o catálogo dos seus
bilhetes-postais predilecto pode ter os dias contados. Um filme não se torna denso
por acumular clichés visuais, sequências musicais exóticas e frases feitas de
paróquia, mas pode tornar-se terrivelmente dogmático, moralmente preservo.
Felizmente,
ali, mesmo ao lado, continuam em exibição «A Rua da Vergonha» (1956), «A
Imperatriz Yang Kwei-Fei» (1955) e «A Senhora Oyu» (1951) de Kenji Mizoguchi. Dá
para lavar os olhos e a alma!
jef,
maio 2017
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