segunda-feira, 19 de junho de 2017

Sobre o teledisco «Tyto alba», Talbot 2016


Tyto alba

Os ninhos são as folhas
Que a árvore não quis ter
Filhos, promessas e escolhas
De um futuro por haver.

Triste sina é a da ave
Que não sabe ouvir o sino
O piar triste de um verso
Na brisa do desatino

Tyto alba Tyto alba
Vem lavar a minha alma
Noitibó, meu noitibó
De noite, quem não está só?

O alegre voar da pena
Sobre a brisa da aresta
Faz das folhas o seu ninho
Das aves um trilho apenas

No repicar do sino
Voa o piar da igreja
Um grito de coruja
Em vã prece nocturna

Ter um filho por crescer
E esperança no que é novo.
É ver a crença nascer
A bicar dentro do ovo.

Vão ligeiras as palavras
Como as pedras ou os filhos
Vindos da fraga ou do ninho
Dão temperança e cadilhos.

Cai a pena e o granito
No fundo desta ravina.
Foge veloz com o tempo
Falsa lembrança divina

Quem te poupa Upupa epops
Do trabalho garantido
Olha só o Oriolus
Quem o papou, chamou-lhe um figo.

Sai do mato a voar
Na sombra do arvoredo
Vem pela noite lembrar
O que um dia quis esquecer.

A noite traz o segredo
Escondida a cotovia
Diz adeus à coruja
E corre a alcançar o dia.

Letra: João Eduardo Ferreira
Guitarra Portuguesa: M-Pex

«Talbot», Hob Recordings 2015
https://www.facebook.com/talbotband?ref=ts&fref=ts
http://hobrecordings.tumblr.com/

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