terça-feira, 12 de setembro de 2017

São os rios












Alcantilados vão os becos da cidade.
Sinuosos os desfiladeiros, fragas, janelas, derivando na verticalidade das cegonhas negras e dos abutres do Egipto.
Águas fundas, finas, pegos e sargetas, ecoando risos ou gritos de alerta, que as crias são já visíveis no ninho ou jogam à bola, lá em baixo, pela rua.
Tudo tão perto e intangível como os carrascos que crescem no abismo do xisto ou o feto que se cravou, esporo ainda, no algeroz. Azulejos ou rochas luzidias. Pensamentos parcos de coisa alguma, sem razão magmática, mesmo assim, existentes.
O rio anda cravado nessa rua que vai fluindo de degrau em degrau, afluentes de certa alma, urbana porque anseia o poiso de um voo cansado, silvestre porque ainda não o encontrou.


jef, setembro 2017

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