terça-feira, 28 de agosto de 2018

Sobre o filme «O Meu Pai Tinha Razão» de Sacha Guitry, 1936


















Existe na comédia de Sacha Guitry, uma alegria esfusiante, um entusiasmo explícito que só pode ser comparado à felicidade. A uma felicidade que ultrapassa os cânones da moral cristã, autopunitiva, sempre contente por estar a sofrer.

Esta comédia é teatro puro filmado após tantas vezes representado em palco por Sacha Guitry ao lado de outro actor, Lucien Guitry, seu pai. Aquele, filho, este, pai. A confusão entre o palco e a realidade está lançada. Mais tarde, Sacha substitui Lucien e a comédia de costumes amplia-se e adensa-se numa continua guerra de frases, enganos e situações, em três actos, tão dramaticamente coerente como realisticamente disparatada.

Como em Fígaro de Beaumarchais, como nas comédias loucas de Ernst Lubitsch, Howard Hawks, Billy Wilder.

Aqui o amor vence sempre, todos os amores em toda a pujança delirante. Assim é bom ser pai e filho e amante.

Toda a vida devia ser assim. Divertida, terna, compreensiva. Surpreendente e alegre. Sem a lógica da culpa, sem a sombra do pecado. Como na excitação de um palco!

jef, agosto 2018

«O Meu Pai Tinha Razão» (Mon Père Avait Raison) de Sacha Guitry. Com Sacha Guitry, Gaston Dubosc, Serge Grave, Paul Bernard, Jacqueline Delubac, Betty Daussmond, Robert Seller, Pauline Carton. Argumento: Sacha Guitry. Música: Adolphe Borchard, Fotografia: Georges Benoit. Produção: Serge Sandberg. França, 1935, P/B, 95 min.

Sem comentários:

Enviar um comentário