domingo, 17 de outubro de 2021

Sobre o filme «A Mulher do Aviador» de Éric Rohmer, 1981
























Neste filme, Eric Rohmer transforma Paris num labirinto onde as pessoas se perdem sistematicamente na tentativa de encontrarem, mais do que o objecto da investigação, o percurso mais directo para lá chegar. No entanto, Paris é uma cidade mais sombria que luminosa, mais sonolenta que insone, mais suja que brilhante.

François (Philippe Marlaud) tenta investigar o motivo por que é abandonado por Anne (Marie Rivière) que não esquece o seu aviador Christian (Mathieu Carrière) que, naquele dia, veio anunciar que regressará à grande cidade mas com a mulher pois esta espera um filho seu. Troca por troca, François insiste, investiga, persegue e constrói uma teoria bem arquitectada que justificaria todo o abandono sentido. Para construir a teoria é ajudado pela jovem amiga Lucie (Anne-Laure Meury). Mas o percurso das cartas no interior do correio numa cidade como Paris não é linear e como “É impossível não pensar” (como é lido em epígrafe neste episódio de «Comédias e Provérbios») a realidade não acompanha tal teoria de encontros e amizade. Uma cidade é edificada mais para se trabalhar do que parase  amar.

«A Mulher do Aviador» é um dos filmes mais urbanos, ternos e melancolicamente realistas de Eric Rohmer.


jef, outubro 2021

«A Mulher do Aviador» (La Femme de l’Aviateur) de Éric Rohmer. Com Philippe Marlaud, Marie Rivière, Anne-Laure Meury, Mathieu Carrière. Philippe Caroit, Coralie Clément, María Luisa García, Haydée Caillot, Mary Stephen, Neil Chan, Argumento: Éric Rohmer. Produção: Margaret Ménégoz. Fotografia: Bernard Lutic. França, 1981, Cores, 106 min.

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