Mas que filme é este?
São todos comediantes, bruxos,
saltimbancos, prestidigitadores do magnetismo, circenses ambulantes, falsos
espectadores, falsos amantes, falsos traidores, falsos actores. Falsa floresta, farsa falsa. Até o elixir do amor é remédio para os ratos (que não mata). Todos
parecem odiar, ou odiarão mesmo? Todos estarão com medo.
Mas o verdadeiro medo,
poderá ser fingido?
O que será falso no
teatro? (Recorde-se Pirandello…)
O mais trágico dos impostores,
bêbado e moribundo, antes de morrer pela segunda vez, mesmo antes de ser
autopsiado, implora agarrando-se ao Dr. Vogler, de barba postiça: «Não quero
morrer sem ser utilizado!»
O reflexo nos espelhos,
as cabeleiras, o poder e a sedução, têm aqui um sentido segundo. As personagens
andam trocadas. E eu, espectador mais ou menos real, não entendo para onde me
estão a levar…
Este filme sugere guardar o meu próprio medo.
Que comédia tão
cruel!
jef, junho 2015
A crueldade (do animal humano) é o território de Bergman. E as suas comédias são mesmo amargas e tão ou mais cruéis (se possível) que outros filmes seus. Só exceptuo desta apreciação os "Sorrisos de uma noite de Verão".
ResponderEliminaré bem verdade caríssimo António Sá! mas existe também uma comédia latente em Fanny e Alexandre e em muitos outros... Em Bergman, um humor teatral e universal, singelo e definitivo!
Eliminar