segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Quando a sineta toca










Quando a sineta toca no alto do portão.

Sarabandas e contradanças são ouvidas lá no céu.
Cemitérios de anjos cegos presos na esperança de um dia serem guindados por suas dóceis asas até ao salão de baile.
Mas de pedra são e muito se agarram à laje!
Há fumo e fogo. 
Talvez uma lágrima. 
Ou um medo a escapar entre os dedos musicais.
Violas e violinos lançam arpejos fáceis e as sirenes de bombeiros afinam pelo timbre do trompete. A vassourinha assegura o toque romântico na bateria.
Sapateado leve, tiquetaque marialva, roçagar de saias, fartos bigodes encerados. Um ligeiro toque castrense de calcanhares. Um certo sorriso escondido no leque naftalina. Um aranhiço pequenino.
Paira no ar o cheiro da decadência acarinhada. Aroma a cadáver fresco. Ossos em contrachoque. Brincadeira para além do Além.
São barulhos comuns de um estranho mundo que só a Jack devemos!
[Que medo tenho eu do Boogie Woogie Man!]


jef, outubro 2015

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