«Ninguém recorda a sua primeira mentira», refere Piotr (Leonid
Dyachkov), neurocirurgião em trânsito. Da Suécia para a Sibéria passa por Moscovo.
Em torno de Piotr giram saudosos Sacha (Yuri Vizbor), antigo e devoto colega de
investigação, e Katya (Alla Deminova), a ex-mulher ainda apaixonada. Todos são
satélites de alguma insatisfação profunda e ninguém consegue verdadeiramente
tocar em ninguém. Parece um filme de ficção científica sem ficção ou ciência.
Apenas sentimentos. «Enquanto sentirmos, existimos», volta a dizer Piotr na sua
eterna viagem entre imagens de trabalho, multidão e transportes. Carros, comboios,
barcos, aviões. Magnífica deriva!
Sempre gostei de filmes sobre exílios, fugas ou libertações.
A cena do circo é maravilhosa e a cena final, no centro da neve e da reconciliação emocional de um cão, única!
A cena do circo é maravilhosa e a cena final, no centro da neve e da reconciliação emocional de um cão, única!
Sobre este existencialismo modernista, essa Nouvelle Vague
soviética, recordei-me de que, três anos antes, nas salas de Paris, mal começara a
Primavera de 1968, Jean-Luc Gogard estreava um dos mais maravilhosos filmes
sobre o sentido da liberdade: «Weekend»!
jef, maio 2016
Larisa Shepitko «Tu e Eu» (Ty I Ya). Com Leonid Dyachkov, Yuri
Vizbor, Alla Deminova, Natalya Bondarchuk, Leonid Markov. URSS, 1971, Cores, 97
min.
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