quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Sobre o disco «ForeverAndEverNoMore» de Brian Eno, Opal, 2022





















Sim, na realidade é o mesmo Brian Eno dos Roxy Music (“Roxy Music”, 1972; “For Your Pleasure”, 1973).

O mesmo de “Taking Tiger Mountain (By Strategy)” (1974), “Another Green Day” (1975), “Before and After Science” (1977); “Fourth World Vol. 1 Possible Musics” (com Jon Hassell) (1980).

Aquele do “Remain In Light” dos Talking Heads (1980) e do “My Life In A Bush of Ghosts” (com David Byrne) (1981).

Sim, tal e qual, o de “Another Day On Earth” (2005) ou do sêxtuplo álbum “Music For Installations” (2018).

Brian Eno tem 74 anos e diz ter agora a voz mais grave e que deseja adaptá-la às sonoridades paisagísticas abstractamente urbanas que cria e nas quais vem sempre mergulhando. Não fica parado. Nunca. Segue em frente e coloca a tal voz mais grave ao serviço das personagens humanas (ou sombras humanas) que vai colocando, aqui e ali, nestas dez faixas. A poesia é humana, por definição romântica. E este disco é romântico e poético. A meio caminho aquático do que aí vem. Igualmente a meio caminho do álbum pop de 2005 e daqueles ambientais de 2018. Porém mais cinematográfico, plástico, sincrético. Mais unificador ou ecuménico, outros diriam. Tanto faz.

«ForeverAndEverNoMore» lembra-me esse fio de ariadne que, sem termos bem noção da sua direcção, nos agarra na memória musical tão antiga e a projecta no futuro, talvez incerto ou angustiado, talvez sereno e complacente.

A música que ouvimos tanto nos forma como nos integra. Há muito que Brian Eno me confirmou tal axioma através da sua teoria dos sons.


jef, novembro 2022

Sem comentários:

Enviar um comentário