quinta-feira, 7 de maio de 2015

Sobre o filme «Ex Machina» (2015) de Alex Garland















Telhados de vidro e fractais.

Este filme é sobre «inteligência natural». Duvido, aliás, que exista «inteligência artificial», agora que já ninguém põe em causa que gatos, cães, cavalos, golfinhos, galinhas, formigas, humanos, usam, naturalmente e a seu modo, a inteligência que lhes compete. «Inteligência artificial» só para os filmes de ficção científica.

Mas poder-se-á, hoje em dia, fazer-se bons filmes de ficção científica? Sim. Este é um exemplo muito razoável. Apesar de parecer blasfémia compará-lo a «2001, Odisseia no Espaço» (Stanley Kubrick, 1968) ou «Blade Runner» (Ridley Scott, 1982), a atracção pelo mundo dos andróides anda por ali. Talvez demasiado perto… O ‘computador’ Ava adiciona a vocação para o controlo e a manipulação de HAL 9000 à sedução de Rachael, aquela que, por erro de fabrico, desconhecia a data de sua morte.

Mas na memória do filme fica a capacidade de um argumento para demonstrar que a suspeita e a mentira são a energia fatal que corrompe a confiança e o «estado de vidro» dos afectos e da própria sobrevivência. Não faltam aqui, ainda, a banda sonora particular (Geoff  Barrow e Ben Salisbury), as paisagens norueguesas, a arquitectura transparente a lembrar uma célebre casa de chá nortenha ou as habitações de montanha de um tal Frank Lloyd Wright.

E se não existe a natural inteligência de gatos, cães, cavalos, golfinhos, galinhas, formigas, humanos, também não será uma qualquer «Inteligência Ex Machina» que, no final do drama, nos virá salvar!

[E por favor, não saiam do cinema antes de terminar o genérico final – a fragilidade geométrica dos «fractais».]

jef, abril 2015

Sobre o filme «Ex Machina» de Alex Garland (2015). Com Alicia Vikander, Domhnall Gleeson, Oscar Isaac.

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