terça-feira, 12 de maio de 2015

Sobre o filme «Força Maior» de Ruben Östlund (2014)















As mãos no fogo.
Poderemos nós confiar na luz branca da neve? Ou no «Inverno» de Vivaldi quando acompanha as explosões das avalanches controladas nos Alpes?
Este é um filme que toca a questão primordial do grau de confiança. E não é de estatística que fala! Ele fala dessa fronteira estranha, extrema e mais íntima do conhecimento do outro quando é posta em causa por uma situação limite. Ficamos a conhecer melhor o outro mas a confiança é quebrada. As verdades são confrontadas, digamos acareadas, pela gravação das imagens num telemóvel. Confrangedoras ao tornarem-se públicas. O abismo afunda-se sob a avalanche descontrolada da incredulidade, ou da declaração de um passado até ali incompreendido.
Narrado tudo num misto de drama puro e comédia suspensa. Por isso, alguns espectadores riem tanto, talvez por nervoso, talvez pelo enorme incómodo. Um suspense muito fino, uma tensão tão arguta quanto bruta a lembrar «Sonata de Outono» de Ingmar Bergman (1978) ou «Spellbound / A Casa Encantada» de Alfred Hitchcock (1945).
E a luz branca da neve, cega ou esclarece?
E por quem pomos nós as mãos no fogo?

jef, maio 2015

«Força Maior / Force Majeure» (2014) de Ruben Östlund. Com Johannes Kuhnke, Lisa Loven Kongsli, Clara Wettergren.

Sem comentários:

Enviar um comentário