sexta-feira, 3 de junho de 2016

Geneticamente eterno














Vi o «O Couraçado Potemkine», pela primeira vez, no Cinema Império lá para 1974. Como toda a plateia chorou com a cena da escadaria e aplaudiu de pé ruidosamente, no final. Voltei a vê-lo no Cinema Universal, na rua da Beneficência. Foi ficando na minha memória, ficou retido na minha estrutura cognitiva e emocional. Ontem voltei ao filme, no cinema, com a distância de algumas décadas. Contemplo a estética universal, a ópera intemporal, o coro grego, a movimentação de figurantes, rostos, barcos, água, os cenários perfeitos e luminosos.

Recordo uma cena de «O Navio / E la Nave Va» de Federico Fellini (1983), quando duas passageiras se chegam à amurada para contemplar um pôr-do-sol pintado em papelão: «É tão bonito que até parece falso!»

Em «O Couraçado Potemkine», as coisas e as pedras e o porto de Odessa conservam para a eternidade essa falsidade única do verdadeiro teatro, o sinal de uma Arte Absoluta.


jef, junho 2016

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