Recuperar
o senso da morte.
O
que fazer quando nos apercebemos que o tempo se escoa sem deixar rasto,
retirando os ponteiros aos relógios, os cadáveres aos esquifes, o senso aos
poucos minutos que nos restam? «Morangos Silvestres» possui uma tal modernidade
que coloca sobre a certeza mais duvidosa da humanidade o riso infalível da
melhor juventude: fazer-se à estrada ou viajar de avião, ser histérico ou ser
católico, rejeitar a amizade de um filho ou guardar o remorso de uma escolha
que já se tornou inviável? O tempo, contudo, move-se na direcção certa da
solidão, do egoísmo e da morte. O tempo, contudo, pode ser detido pelo aroma
dos morangos, pela probabilidade de uma viagem a Itália, pelo som inesperado de
uma serenata, pela amizade de quem nos ajuda a fazer as malas e partir. «Morangos
Silvestres» vale mais do que 1.000 homílias dominicais, 1.000 sessões de
psicanálise, 1.000.000 de discursos dos (actuais) políticos! Louvado sejas,
Ingmar Bergman! Que o futuro esteja connosco!
jef,
fevereiro 2014
«Morangos
Silvestres» (Smulltronstället) de Ingmar Bergman. Com Victor Sjöström, Ingrid Thulin, Bibi Andersson,
Gunnar Björnstrand, Jullan Kindhall. Suécia, 1957. P/B, 91
min.
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