sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Sobre o filme «Vício Intrínseco» de Paul Thomas Anderson, 2015


















Três vivas para Katherine Waterston (e a sua ‘Shasta Fay Hepworth’).
Se não se incomoda com filmes meio-policiais e fins pouco ortodoxos; se gostou de «A Dama de Xangai» (Orson Welles, 1947), «Festim Nu» (David Cronenberg, 1991), «Inland Empire» (David Lynch, 2006) ou dos policiais truncados com que a Nouvelle Vague homenageia o cinema americano, então vá ver o filme. Mas se o enerva ver Joaquin Phoenix (‘Doc’ Sportello) a representar o papel que ele anda a treinar há alguns anos, continuará enervado. Porém, existe uma enormíssima vantagem. A cada uma das cenas encadeadas em que Joaquin Phoenix fuma mais um charro, revira os olhos ou se despenteia cuidadosamente, dá entrada à interpretação de mais um extraordinário actor / actriz. E são muitos! A cada nova cena parece que Phoenix desaparece para dar lugar ao outro. Generosidade maior de um grande actor, apesar de tudo. Nesse ponto, o filme brilha nas três magníficas cenas em que o actor contracena com Katherine Waterston (a sua desaparecida Shasta Fay Hepworth), sublinhando o início, o meio e o epílogo do filme. O filme está ganho! Mas temos mais. Temos ainda a particularíssima voz off da particularíssima harpista / cantora Joanna Newson (Sortilège), a banda sonora sinfónica de Jonny Greenwood e, claro, duas canções de Neil Young. O filme está longe de ser o culto que andam a apregoar mas só para apreciar alguns dos diálogos que por ali se ouvem, já valeu a pena.

jef, fevereiro 2015


«Vício Intrínseco» (Inherent Vice) de Paul Thomas Anderson .Com Joaquin Phoenix, Josh Brolin, Owen Wilson, Katherine Waterston, Reese Witherspoon, Benicio del Toro, Jena Malone, Joanna Newsom e Martin Short. EUA, 2015, Cores, 148 min

Sem comentários:

Enviar um comentário