quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Sobre o filme «O Jogo da Imitação» de Morten Tyldum, 2014


















A hipérbole do drama
Ao conhecermos a tragédia de Alan Turing, o matemático inglês que desmontou a brutal máquina de códigos nazi Enigma através do seu computador Christopher, ajudando a travar o tempo ignóbil da Segunda Grande Guerra, e o assassinato consequente de milhões de inocentes, temos a noção de como a humanidade lida confortavelmente com a injustiça pura. A injustiça na esfera pública e política, a injustiça no plano privado e identitário.

Mas será possível fazer um filme consistente sobre um herói maior e essa tal injustiça humana, abusando cinematograficamente de diálogos hiperbólicos (e voz off), de múltiplos flashbacks, da saturação fotográfica da luz-contraluz torneando cantos e recantos, da repetida fleuma britânica de Benedict Cumberbatch (que não consegue fugir ao Sherlock Holmes), da «certinha» e circunstancial banda sonora de Alexandre Desplat? Espantosamente parece-me que sim: o filme tem de ser visto!

O realizador fá-lo com uma nítida intensão política, alertando mentalidades com extensas notas finais (hiperbólicas), recordando a História opaca, hiperbolicamente atroz. Já que o drama como figura de retórica é hiperbólico, os gregos sabiam-no.

(Sem esquecer a geometria, com os seus cones atravessados por planos e as linhas curvas a quase tocarem dramaticamente as assímptotas).

Nota: este texto, segundo o meu prontuário ortográfico, saiu cheio de exageros estilisticos, acumulando pleonasmos adjectivantes. Peço desculpa!

jef, janeiro 2015

«O Jogo da Imitação» (The Imitation Game) de Morten Tyldum. Com Benedict Cumberbatch, Keira Knightley, Matthew Goode. EUA/Grã-Bretanh, 2014, Cores, 114 min.

Sem comentários:

Enviar um comentário