segunda-feira, 23 de abril de 2018

Sobre o filme «Até Nos Vermos Lá em Cima» de Albert Dupontel, 2017
















A produção cinéfila francesa tem destas coisas. Encanta-se consigo própria. Finge que é a produtiva Hollywood. Presume-se. Encharca-se de sumptuosos cenários, decores, adereços, guarda-roupa. Aplica credíveis efeitos especiais. Coloca uma banda sonora a imitar Danny Elfman ou Alexandre Desplat. Chama bons actores capazes de dar corpo a uma interessante história novelesca que sublinha o horror que foi a morte nas trincheiras (e mesmo depois do armistício) da terrível e mais esquecida Guerra Mundial, a primeira. História baseada no romance de Pierre Lemaitre.

Mas, depois, a tal produção manda apressar a leitura do espectador porque o tempo da narração não chega para mostrar tantas imagens e temos correr atrás de uma história intrincada sobre traição, amor fraternal, fraude bancária, ganância desmedida, falcatruas estatuárias, requebros pirosos sobre a amizade e os desencontros familiares, até estacionarmos num delicodoce happy end com paisagem cartonada marroquina ao fundo.

Que nos fique a ideia tão interessante de praticar a comédia dramática sobre, repito, uma das guerras mais sangrentas e dilacerantes de sempre.
Que fique também a interpretação de Niels Arestrup, a fazer de Presidente-Pater- Familias.

jef, abril 2018.

«Até Nos Vermos Lá em Cima» (Au revoir là-haut) de Albert Dupontel. Com Nahuel Pérez Biscayart, Albert Dupontel, Laurent Lafitte, Émilie Dequenne, Niels Arestrup. Argumento a partir do romance de Pierre Lemaitre. Música: Christophe Julien. Fotografia: Vincent Mathias. Canadá / França, 2017, Cores, 117 min.


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