terça-feira, 24 de abril de 2018

Sobre o livro «Gangsters» de André Ruivo. The Inspector Cheese Adventures, 2012



(Pode dizer-se que este texto é uma tentativa de crítica, seja o que isso for…)

André Ruivo rejeita a legenda-ilustração para epíteto da sua arte. Mais nítida do que em obras anteriores, essa vocação mostra-se no conjunto de imagens ‘não tituladas’ reunidas no livro «Gangsters». A rejeição da frase escrita indexada à peça desenhada transfere, na sua abstracção figurativa, o trabalho para o olhar do leitor-narrador. 

Citando dois exemplos clássicos, também Paula Rego e Pedro Proença deixam ao leitor a liberdade de ajustar os sinais gráficos à sua própria cadeia interpretativa. André Ruivo parece insistir em que qualquer tipo de baias retira «autoria» à imagem.

Ora, se a primeira liberdade de André Ruivo é a da não-legendagem, então a segunda rejeição é a da intencionalidade, quer ela seja política, social, ou ambiental. É impossível associar estas imagens a uma linha programática como é fácil fazê-lo com George Grosz ou João Abel Manta. No entanto, as presentes ilustrações podem de modo muito aberto celebrar a liberdade de expressão e a força colectiva no modo individual em que se apresentam.

Concluindo, os 12 retratos incluídos em «Gangsters» são desafios gráficos, histórias puras e livres, lançadas ao espírito do observador apenas pelo traço expressivo das personagens e pela violência com que a cor nelas é aplicada.

jef, fevereiro 2013

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