quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Sobre o disco «Bixos Bons. Volume Nr. 4» de Senhor Vulcão, Discos Vulcão 2022

 

Entro no universo do Senhor Vulcão pelo número quatro. Um disco amarelo. Sete canções que reconhecem na simplicidade directa o melhor modo de absorver e observar o acto musical. Sem grandes misturas, sem Photoshop acrílico-electro-acústico. Sete scherzi, sete divertimentos assumidos no interior de uma forte personalidade artística. Sem pompa nem circunstância.

E esse acto representa uma provocação política? Ou uma provocação poética?

De tudo aqui se fala.

Como se folheássemos uma enciclopédia zoológica para crianças incrédulas mas afoitas, ou o assento de nascimento dos fregueses de um remoto bairro lisboeta.

Como se brincássemos ao romantismo dos animais capitalistas de Georg Grosz.

Como se sorríssemos a sério do mundo das canções de intervenção; do Zecchino d'Oro e da pequena Maria Armanda; de um certo mundo nacional cançonetista contemporâneo; de um lado muito compenetrado, até engravatado, do actual hip-hop; de um mundo ultra-presunçoso da moderna poética portuguesa.

Aqui a liberdade da arte, do som e das palavras é rainha.

Torna-se impossível ouvir este disco sem sentirmos uma certa vontade de ir novamente colar os mais difíceis cromos (o Pirilampo e a Serpente) na caderneta “O Loto dos Animais”.

E isso é muito bom!


jef, fevereiro 2023

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