sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Sobre o filme «Holy Spider» de Ali Abbasi, 2022



 















Longe do ímpeto cinematográfico iraniano que nos tem deslumbrado nos últimos anos. Bastante longe desse genial fazer cinema sem quase ter história, sem quase ter verbas, sem ter liberdade para criar. Contudo (e este contudo é um contudo bastante sublinhado), o realizador Ali Abbasi não se afasta do cinema social para nos entregar a história de um pedreiro, veterano da guerra Irão-Iraque, que na cidade santa Mashhad assume a missão profetizada de liquidar prostitutas, paupérrimas e viciadas em heroína. O argumento persegue a perigosa investigação da jornalista Rahimi (Zar Amir-Ebrahimi) sobre a actividade desse predador divino Saeed Hanaei (Mehdi Bajestani) até à sua captura e julgamento. Sempre filmado de muito perto, correndo, ansiando, sem omitir o sangue, a violência, a degradação dos corpos, dos olhares, dos gestos. E como tudo na história é medonho, desde a investidura religiosa para tais actos, ao desprezo e cumplicidade policial e das autoridades políticas e judiciais. Acima de tudo, ao apoio popular e familiar dos hediondos actos.

Um filme de acção vibrante e sem rodeios mas que é marcado pela simplicidade apressada, fechando os olhos à estética, de telefilme ou série televisiva.


jef, janeiro 2023

«Holy Spider» de Ali Abbasi. Com Zar Amir-Ebrahimi, Mehdi Bajestani, Arash Ashtiani, Forouzan Jamshidnejad, Sina Parvaneh, Nima Akbarpour, Mesbah Taleb. Argumento: Ali Abbasi, Afshin Kamran Bahrami. Produção: Ali Abbasi, Sol Bondy, Jacob Jarek. Fotografia: Nadim Carlsen. Música: Martin Dirkov. Guarda-roupa: Hanadi Khurma. Dinamarca, Alemanha, França, 2022, Cores, 116 min.

 

Sem comentários:

Enviar um comentário