quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Sobre o disco «Gente» de Nancy Vieira, Galileo 2024







A música cravada em Cabo Verde é uma espécie de porto de abrigo. Nancy Vieira será a sua alegria, a sua transformadora revertendo essa metamorfose em tradição. E assim voltamos ao início. Sabe-me bem.

Mário Lúcio Sousa, Osvaldo Dias, Fred Martins, Adalberto Silva, Remna, Luís Firmino e Teófilo Chantre. E, claro, B. Leza. E a produção de Amélia Muge, António José Martins e Nancy Vieira.

“O Fado Crioulo” com António Zambujo, “Meditá” com Paulo Flores ou “Rosa Sábi” de e com Amélia Muge.

Quem não se comove (ou dança) ao som desta miscelânea musical? Mornas, coladeiras, fados ou tudo misturado. Quem não se tocará com essa forma erudita de tocar música popular ao som de violino, acórdão ou clarinete…?

Quem não se encanta com o modo de arranjos clássicos mas sub-reptícios, colocando ali assobios e sussurros, baixos, cavaquinhos e percussões costuradas com sensibilidade e perícia mas sem nunca desvirtuar a mistura musical inicial?

Nancy Vieira tem uma voz terna, talvez agora mais grave, que dá gravidade à distância e solidão geográficas sem esquecer de dar alegria a cada passo de dança.

E, atenção, termina com essa homenagem à Morna e à Morabeza cabo-verdianas numa espécie de valsa lenta e amorosa – “Dona Morna”.

Nancy Vieira, a revisitar, ouvindo, sempre!


jef, novembro 2024

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