Afinal,
o romance de Jim parece ser toda a vida de Aymeric. E a vida de Aymeric
confunde-se, ou antes, cola-se à pele do actor Karim Leklou. Porque este filme
é todo virado, reflectindo integralmente, a expressão da cara e do corpo do
actor. A expressão de Karim Leklou, no centro familiar e este no centro das
montanhas do Juras. Esta paisagem como personagem supra-citada ou de sobrolho
franzido como um coro grego. Aliás, aqui, montanhas e sociedade, tudo soa a
família.
Um melodrama revisitado e contado
como se fossem pranchas de um livro de quadradinhos, virando as páginas sem
pausas mas com notas coloridas sobre os meses e os anos que estão a passar. Todas
as personagens acompanham o tempo, excepto Aymeric, esse super-pai-adoptivo-quase-forçado (mais tarde descartado) que mantém eternamente (e para quem o
contempla) a aura de uma bonomia calada e amorosa, talvez desajeitada mas certamente
cativante, de quem tudo parece aceitar sem quase reclamar. Contudo, nada tem de
néscio ou tolo. A sua silenciosa inteligência emocional tudo dita, tudo agrega,
tudo sintetiza.
Um
enorme actor dentro de uma grande personagem (ou vice-versa) que faz o pleno
num filme que, por vezes, parece querer virar as páginas um pouco depressa demais
ou ficar suspenso em pormenores que podíamos esquecer.
jef,
março 2025
«O
Romance de Jim» (Le Roman de Jim) de Arnaud Larrieu e Jean-Marie Larrieu. Com Karim
Leklou, Laetitia Dosch, Bertrand Belin, Noée Abita, Andranic Manet, Eol Personne,
Sara Giraudeau, Mireille Herbstmeyer, Suzanne De Baecque, Sabrina Seyvecou, Marguerite
Machuel, Robinson Stévenin, Omar Saad, Christine Dory, Marine Egraz, Pierre
Morel, Julien Commaret, François Berger. Argumento: Arnaud Larrieu, Jean-Marie
Larrieu baseado no romance de Pierric Bailly. Produção: Kevin Chneiweiss. Fotografia: Irina
Lubtchansky. Música: Bertrand Belin,
Shane
Copin. Guarda-roupa: Judith de Luze. França, 2024, Cores, 106 min.
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