terça-feira, 25 de março de 2025

Sobre o filme «Siga a Banda!» de Emmanuel Courcol, 2024























Temo dizer que desconfio bastante (e espero que não seja presunção) quando vejo pela rua publicidade a dizer-me que o filme “comoveu dois milhões de franceses”. O cinema francês tem no currículo as melhores comédias do mundo mas, depois, especializou-se a realizar as piores comédias do mundo. Por isso, entrei no cinema com um ou dois pés atrás.

Contudo, o filme derrotou-me e também me comoveu. E a música faz sempre milagres!

A história vem dos tempos mais ou menos clássicos ou românticos, da Grécia antiga até Shakespeare ou Eça de Queiroz. Dois irmãos que se desconhecem Thibaut Desormeaux (Benjamin Lavernhe) e Jimmy Lecocq (Pierre Lottin), vindos de ambientes sociais opostos, por razões clínicas acabam por se encontrar, desconfiar, apoiar e, depois, amar. Talvez por cumplicidade genética (ou esforço de argumento) estão ambos ligados à musica. O primeiro, maestro numa grande orquestra sinfónica, pianista, professor e compositor, o segundo, a trabalhar na cozinha de uma empresa mineira que está em regime de insolvência, é trombonista na banda filarmónica dos mineiros. O primeiro encontra-se doente, o segundo podê-lo-á ajudar.

No fim, Mozart, Beethoven, Mahler, Ravel ou Michel Petrossian, irão unir o coração de todos como só a música parece fazê-lo de modo tão abstracto e emocional.

É muito difícil realizar uma boa comédia dramática como esta. Os diálogos são sinceros e muito convincentes os actores Benjamin Lavernhe e Pierre Lottin, a que se junta a imprescindível presença da actriz Sarah Suco (Sabrina), fazendo de contraponto ou contra-regra ao cozinheiro trombonista Jimmy.

Talvez a forma um tanto forçada de conciliar dois cenários musicais distintos e a necessidade de contar tanta história em tão poucos minutos e cenas tão curtas, me tenham feito distrair (ou abstrair) do motivo central. Enfim, não há bela sem senão!


jef, março 2025

«Siga a Banda!» (En fanfare) de Emmanuel Courcol. Com Benjamin Lavernhe, Pierre Lottin, Sarah Suco, Jacques Bonnaffé, Clémence Massart-Weit, Anne Loiret, Mathilde Courcol-Rozès, Yvon Martin, Isabelle Zanotti, Nicolas Ducron, Charlie Nelson, Marie-José Billet, Antonin Lartaud, Rémi Fransot, Johnny Montreuil, Johnny Rasse, Gabrielle Claeys, Annette Lowcay, Jean-Luc Lebacq, Joël Lebacq, Stéphanie Cliquennois, Lulu Lomendie, Rui-Mickaël Dias, Nathalie Desrumaux. Argumento: Oriane Bonduel, Emmanuel Courcol, Irène Muscari segundo o texto de Marianne Tomersy. Produção: Marc Bordure, Robert Guédiguian. Fotografia: Maxence Lemonnier. Música: Michel Petrossian. Guarda-roupa: Laura Vallot. França, 2024, Cores, 103 min.

 

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