quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Sobre a exposição «Com as Minhas Tamanquinhas» de João de Azevedo. Biblioteca Camões, 2025.










































No dia em que soube da morte de João Queiroz (1957-2025), esse aguarelista das doces paisagens do absurdo, visito a exposição das obras concebidas por João de Azevedo (1950-2020) a pedido de José Afonso para o álbum «Com as Minhas Tamanquinhas» (1976). Algo de delírio visionário, cromático e definitivo, qualquer coisa de plástico e onírico, careto transmontano, ave-rara, medusa e espectro animista de uma África alucinogénia. Talvez ainda o sopro gélido e róseo na sombra de um nórdico Thor em hibernação, Ícaro levitado. As cores enchem o espaço e a nossa imaginação. A alegria do figurativo desfigurado e fulgurante das peças de João Azevedo contra a triste notícia da memória do aquoso mundo verde-cinzento, quase concreto quase granítico, a desaparecer no abstracionismo do pincel plácido de João Queiroz.

O único modo de preservarmos a nossa alma numa triste, húmida, tropical tarde de uma leitosa Lisboa, a abarrotar de turistas basbaques, é mantermos no coração as cores e os traços de João de Azevedo, a névoa que cobre a possível floresta de João Queiroz.


jef, 22 de outubro de 2025

«Com as Minhas Tamanquinhas, A obra de João de Azevedo na obra de José Afonso.

Biblioteca Camões, Largo do Calhariz, 17, Lisboa.

9 a 31 de Outubro de 2025

Curadoria e design expositivo: José Teófilo Duarte

Programação: Biblioteca Camões / Lithales Soares

Design de Comunicação, produção e montagem: DDLX


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