quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Sobre o livro «A Semana» de André Ruivo e Tiago Guerreiro, Edições Sr. Gonçalves, 2025.


 



















Esta edição do Sr. Gonçalves, com duas dúzias de páginas, incluindo a capa, tem uma dimensão de 15 x 10,5 centímetros e representa uma certa poética que toda a semana contém, alegre ou depressiva conforme a contagem de tempo que lhe atribuirmos. A poesia vem de Tiago Guerreiro que tenta obviar o já referido e involuntário correr do tempo. Como se ilustrasse a própria corruptela de calendário pelo motivo da semana se iniciar à segunda e não na primeira-feira franca que, como é lógico, ocorria ao Domingo. Nessas páginas iniciais, um senhor circunspecto e de nariz proeminente sai do seu banho de mar para, talvez entediado, sentar-se à secretária, no seu escritório.

Mas como toda a gente sabe, existe uma hora de ponta à segunda-feira que transborda até quarta-feira, terminando num sábado, ele próprio um poema, onde o tal senhor da segunda volta a mergulhar no mar.

Assim chegamos a essa espécie de erro semanal, um erro depressivo vindo dos tempos de escola – o Domingo! Onde se lê: “Domingo é um gelado que parece sábado mas sabe a segunda.

Ño centro, existe um fundo azul e uma senhora a fazer o pino, a saia cai e cobre-lhe o rosto e o corpo, deixando ver libidinosamente as cuecas brancas e as suas belas botinas pretas, talvez de verniz, talvez de camurça… Aí, nesse centro azul surge a corruptela máxima que aguarda a promessa de poema que é o fim-de-semana: uma sesta-feira e não a entediante, por banal, sexta-feira!

Um livro encantador e circular que deve ser tomado por lido 52 vezes ao ano.


jef, outubro 2025

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