Esta edição do Sr. Gonçalves, com duas dúzias de páginas, incluindo a capa, tem
uma dimensão de 15 x 10,5 centímetros e representa uma certa poética que toda a
semana contém, alegre ou depressiva conforme a contagem de tempo que lhe
atribuirmos. A poesia vem de Tiago Guerreiro que tenta obviar o já referido e
involuntário correr do tempo. Como se ilustrasse a própria corruptela de calendário
pelo motivo da semana se iniciar à segunda e não na primeira-feira franca que,
como é lógico, ocorria ao Domingo. Nessas páginas iniciais, um senhor circunspecto
e de nariz proeminente sai do seu banho de mar para, talvez entediado, sentar-se
à secretária, no seu escritório.
Mas como toda a gente sabe, existe uma hora de ponta à
segunda-feira que transborda até quarta-feira, terminando num sábado, ele
próprio um poema, onde o tal senhor da segunda volta a mergulhar no mar.
Assim chegamos a essa espécie de erro semanal, um erro
depressivo vindo dos tempos de escola – o Domingo! Onde se lê: “Domingo é um
gelado que parece sábado mas sabe a segunda.
Ño centro, existe um fundo azul e uma senhora a fazer o pino,
a saia cai e cobre-lhe o rosto e o corpo, deixando ver libidinosamente as cuecas
brancas e as suas belas botinas pretas, talvez de verniz, talvez de camurça… Aí,
nesse centro azul surge a corruptela máxima que aguarda a promessa de poema que
é o fim-de-semana: uma sesta-feira e não a entediante, por banal, sexta-feira!
Um livro encantador e circular que deve ser tomado por lido
52 vezes ao ano.
jef, outubro 2025



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