(Curioso
o filme começar e terminar como os clássicos filmes de Woody Allen. A banda
sonora e os genéricos na mesma fonte gráfica a branco sobre o fundo negro – a
produção de Jack Rollins & Charles H. Joffe!)
Talvez
o tempo seja o mais interessante no filme. Sim, claro, depois de vermos Julia
Roberts (Alma) num dos papéis mais intrigantes da sua carreira: uma professora na
universidade, reconhecida e com a carreira à beira de concluir-se com a
definitiva agregação, híper-controlada no modo exterior, insegura no modo
interior, um passado oculto, com um casamento perfeito, apesar de longínquo,
muito afectuoso e compreensivo com Frederik (Michael Stuhlbarg). Uma sintonia
colaborativa e amigável com o camarada de trabalho académico Hank (Andrew
Garfield). No meio, uma talentosa aluna, Maggie (Ayo Edebiri), pronta a
realizar uma excelente dissertação sobre um dificil tema filosófico… Esta é
negra, lésbica e vem de uma família abastada que financia a própria
Universidade de Yale. Será que o seu talento é legítimo e puro? Por fim, a
intriga conclui-se, a verdade essa permanece sem fim.
O
tempo de Alma é marcado sonoramente pelo tiquetaquear do metrónomo, entre a
frontal segurança como académica e a crescente insegurança no interior de
conflitos que parecem surgir daquelas histórias académicas de David Lodge, mas
sem a graça britânica deste. O metrónomo marca ansiosamente a vida de Alma e o
espectador segue entusiasmado e com crescente ansiedade a extraordinária
interpretação de Julia Roberts.
jef, outubro 2025
«Depois
da Caçada» (After The Hunt) de Luca Guadagnino. Com Julia Roberts, Ayo Edebiri,
Andrew Garfield, Michael Stuhlbarg, Chloë Sevigny, Lio Mehiel, David
Leiber, Thaddea Graham. Argumento: Nora Garrett. Produção: Luca Guadagnino. Fotografia: Shigeyoshi
Mine. Música: Trent Reznor, Atticus Ross. Guarda-roupa: Giulia Piersanti. EUA, 2025,
cores, 138 min.





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