quarta-feira, 6 de abril de 2016

Sobre o filme «À Sombra das Mulheres» de Philippe Garrel, 2015















Comédia romântica.
O problema desta comédia de costumes é que é triste. E eterna.
Pierre (Stanislas Merhar) é casado com Manon (Clotilde Courau). Pierre engana Manon com Elisabeth (Lena Paugam). Manon engana Pierre. Pierre tenta realizar um filme sobre a Resistência Francesa com a ajuda de Manon. E fica assim quase tudo dito.
Esse quase tudo é contado em planos simples, a preto e branco. A narrativa acelerada e amoralizada pela voz off (Louis Garrel). A banda sonora de Jean-Louis Aubert sublinha a indolência do estio.
Phillippe Garrel não filma a infame guerra de sexos, plagiada desde sempre pelos textos de palco onde a força e a intuição do sexo fraco sempre vencem, a bem da moral. O realizador narra o desencanto do tempo a fluir pelas pessoas. A distracção mais do que traição, o desconsolo resignado mais do que terna paixão ou desgosto arrebatado. Terá Freud investigado a Pulsão do Tédio?
O problema desta comédia romântica é que é um drama sobre quase nada. Um drama sobre vidas remediadas, sem empregos razoáveis, sem casas razoáveis, sem amores razoáveis. 
Uma comédia importante sobre o vazio e o falso. 
Vendo bem, criatividade de tradutor à parte, Phillippe Garrel filma muito mais sobre «A Sombra das Mulheres» do que «À Sombra das Mulheres».

jef, abril 2016

«À Sombra das Mulheres» (L'Ombre des Femmes) de Philippe Garrel. Com Clotilde Courau, Stanislas Merhar, Lena Paugam, Vimala Pons. França / Suiça, 2015, P/B, 73 min.

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