Comédia romântica.
O problema desta comédia de costumes é que é triste. E eterna.
Pierre (Stanislas Merhar) é casado com Manon (Clotilde Courau).
Pierre engana Manon com Elisabeth (Lena Paugam). Manon engana Pierre. Pierre
tenta realizar um filme sobre a Resistência Francesa com a ajuda de Manon. E fica
assim quase tudo dito.
Esse quase tudo é contado em planos simples, a preto e branco.
A narrativa acelerada e amoralizada pela voz off (Louis Garrel). A banda sonora
de Jean-Louis Aubert sublinha a indolência do estio.
Phillippe Garrel não filma a infame guerra de sexos, plagiada
desde sempre pelos textos de palco onde a força e a intuição do sexo fraco
sempre vencem, a bem da moral. O realizador narra o desencanto do tempo
a fluir pelas pessoas. A distracção mais do que traição, o desconsolo
resignado mais do que terna paixão ou desgosto arrebatado. Terá Freud investigado a Pulsão do Tédio?
O problema desta comédia romântica é que é um drama sobre quase nada.
Um drama sobre vidas remediadas, sem empregos razoáveis, sem casas razoáveis,
sem amores razoáveis.
Uma comédia importante sobre o vazio e o falso.
Vendo bem, criatividade de tradutor à parte, Phillippe Garrel filma muito mais sobre «A Sombra das
Mulheres» do que «À Sombra das Mulheres».
jef, abril 2016
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