quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Sobre o livro «A Apologia do Ócio / A Conversa e os Conversadores» de Robert Louis Stevenson, Antígona 2016. Tradução: Rogério Casanova.

                                                                                        











«Muitos dos que se “agarraram aos livros com diligência”, e tudo aprendem sobre um ou outro ramo do conhecimento comum, emergem da sala de estudos com um semblante de coruja velha, e revelam-se rígidos, ineptos e dispépticos nas mais luminosas e agradáveis partes da vida. Muitos acumulam grandes fortunas, mantendo-se pouco refinados e pateticamente estúpidos até ao último dos seus dias. E entretanto vai o gazeteiro...»

«O excesso de actividade, na escola ou no colégio, na igreja ou no mercado, é sintoma de uma vitalidade deficiente; enquanto a capacidade para o ócio implica um apetite ecuménico e uma vigorosa identidade pessoal.»

«As palavras certas saem-lhe por vezes da boca, quase por acidente; e, vinda de lugares mais profundos, atingem-nos de forma mais pessoal, pois estão envoltas na velha crosta de humanidade, rica em sedimentos e humor.»

O Ócio é lugar de conhecimento e reflexão, a Escola é o seu lugar. A conversa é o lugar da retórica, do diálogo, da ideia comum, da Liberdade e da Democracia. Assim dizem os antigos, que gregos foram, dizem outros e também Robert Louis Stevenson que tão bem escreve e com tamanha graça. Soa-me à distância próxima: Sócrates, o velho, «O Elogio da Loucura» de Erasmo de Roterdão, «A Ideia de Europa» de George Steiner, «O Prazer do Texto» de Roland Barthes, e por aí fora… Os textos são como as cerejas!

Que alívio ler Stevenson sobre o ócio e a conversa após ter visto o filme «Experimenter» de Michael Almereyda (1915) sobre Stanley Milgram, Adolf Eichmann, o controlo, a mentira, a repugnância, a manipulação, ódio e o pior silêncio.

jef, agosto 2016

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