Há livros que começam pela capa. Já que o leitor é dono e
senhor de o começar por onde quiser, como muitos fazem com a contracapa dos
jornais (ainda em papel), pelas palavras cruzadas.
Este é um deles. Uma belíssima capa cujo autor nem referido é
na ficha técnica. Injusto!
… Mas começar um livro policial pelo fim é pecado, ou melhor,
é crime, segundo os códigos penais deste mundo literário e do outro. E Reynaldo Ferreira é uma daquelas personalidades que sempre tingem
de curiosidade mítica e intensa narrativa toda a notícia, por mais falsa que
seja. Outro injusto esquecido…
«Sempre ouvi dizer que, pior do que uma certeza dolorosa, é
uma dúvida… A dúvida é sempre um inferno inquisitorial. Era preciso que eu
saísse daquele subterrâneo em trevas – mesmo que rasgasse a alma na evasão!»,
conta o Major Calafaia ao Repórter Reynaldo Ferreira, o próprio.
Belos pedaços de prosa, exuberante, extravagante, romântica,
tem este livro de história pouco crível… Que estranha ligação entre Fastiana, Tse Hina e Herculano... Mas que importa a história perante o
encadeado da intriga num livro policial? O que mais interessa é gostar de
folhear os passos insones do galante comissário, sorrindo dos truques do escritor, virando rapidamente as páginas para conhecermos o final.
Eu gosto de policiais.
Eu gostei deste livro que me encontrou numa esplanada
simpática à beira-rio, num café, futura galeria, que tem a mania de fazer feiras do livro com livros de capas distintas como esta. A «Loja do Cão Preto», o seu garante.
Ácaros à parte, é óptimo ler velhos livros.
jef, agosto 2016
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