quarta-feira, 4 de julho de 2018

Sobre o livro «Alguns Humanos» de Gustavo Pacheco. Tinta da China, 2018.

 


Do Ambystoma mexicanum (o tal axolotl, esse anfíbio de cauda e brânquia que nem sempre deseja a última metamorfose) até à Linepithema humile (a argentina formiga que tudo invadiu e pouco deixou às pobres formigas autóctones, himenóptero d'um raio!), temos muitos outros humanos.

Gustavo Pacheco é carioca, nascido em 1972. É antropólogo e diplomata e fala de cultura, comportamento, biologia e etologia. São onze contos em que os homens são tidos, como devem ser tidos na realidade, por bichos de pulsões, emoções e sonhos. Uma espécie de Esopo ou La Fontaine ou Aquilino Ribeiro, mas ao contrário: os animais vão ao Jardim Zoológico e divertem-se com as momices dos primatas evoluídos.

E o que é mais impressionante e que logo tanto cativa é a pureza da linguagem aliada ao modo rápido, astuto mas firme, de contar uma história, facto que, a cada conto, nos leva por um caminho desconhecido, intrigante, mas no final sempre por muito bem justificado.

Um livro fabuloso, no primeiro significado da palavra, para biólogos e todos os outros símios humanos.

jef, julho 2018

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