sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Sobre o filme «Ingmar Bergman - A Vida e Obra do Génio» de Margarethe von Trotta, 2018
















Se Margarethe von Trotta tivesse cumprido o desígnio do seu reverente, talvez um pouco melodramático e parcial, documentário sobre o Mestre Bergman, conforme ameaçou na sequência inicial comentando plano por plano, quase como leitora de guião, as cenas enigmáticas e brilhantes de «O Sétimo Selo», o filme estava ganho.

Se tivesse seguido o maravilhoso guião publicado de «Fanny e Alexandre» (1982); tocado mais fundo o livro «A Lanterna Mágica» (1987); olhado com mais concentração o humor mordaz de tantos dos seus filmes; suspendido o olhar sobre as esplêndidas fichas publicadas pela Cinemateca Portuguesa de tais filmes, Margarethe von Trotta teria ganho o filme!

Se tivesse evitado um pouco mais as polémicas familiares e fiscais, que pouco interessam para o contínuo êxtase com que revemos a obra de Ingmar Bergman; atentado mais no futuro de uma cinematografia ímpar e não se tivesse perdido na sua própria nostalgia; usado o estatuto da geração de ouro do cinema alemão pós-guerra, de que a própria realizadora faz parte, todos nós teríamos ganho.

Mas Ingmar Bergman resiste a tudo. É extraordinário!

Aconselho vivamente Margarethe von Trotta a analisar com extrema atenção o filme «Onde Jaz o teu Sorriso?» de Pedro Costa (2001) sobre a obra de Jean-Marie Straub e Danièle Huillet e o filme «Sicília» (1999).

jef, outubro 2018

«Ingmar Bergman - A Vida e Obra o Génio» (Searching for Ingmar Bergman /Ingmar Bergman - Vermächtnis eines Jahrhundertgenies) de Margarethe von Trotta & Felix Moeller. Documentário. Alemanha, França, 2018, Cor, 99 min.

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