segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Sobre o filme «A Estação» de Tom McCarthy, 2003































Atraem-me irresistivelmente os filmes vindos de uma América desmesurada, desgarrada, feita de estradas e caminhos-de-ferro sem fim. Também de personagens mais esquecidas que perdidas, mais solidárias que solitárias, onde os velhos cowboys são substituídos por almas boas que se desencontram encontrando-se ao balcão de um diner ou à mesa de plástico de uma rulote de petiscos cubanos.

Fin (Peter Dinklage), trainspotter, miniaturista e conservador de kits ferroviários, recebe de herança uma velha estação de caminhos-de-ferro desactivada. Muda-se para lá procurando recato. Mas ali perto, todas as manhãs, Joe (Bobby Cannavale) instala uma rulote onde vende iguarias cubanas e cafés. Olivia (Patricia Clarkson) vive por perto e é uma das clientes diárias, apesar de ter uma péssima condução. Emily (Michelle Williams) trabalha na biblioteca local e aceita a requisição de um livro sobre comboios de Olivia já que Fin ainda não tem o comprovativo de morada…

As cartas estão dadas, nada há a esconder. Todos eles têm algo a ganhar, como algo a perder, ou a esquecer.

Pode não ser o melhor filme do mundo mas é como uma fábula doce ou uma parábola benfazeja. A ternura que emana das personagens faz-nos bem à alma, acarinhando-as e relembrando-nos de uma América que ainda nos é tão grata, tão ética, afectivamente tão bela e solidária!


Jef, janeiro 2021

«A Estação» (The Station Agent) de Tom McCarthy. Com Peter Dinklage, Patricia Clarkson, Bobby Cannavale, Paul Benjamin, Michelle Williams, Jase Blankfort, Paula Garcés, Josh Pais, Richard Kind, Lynn Cohen, Raven Goodwin, Marla Sucharetza, Jayce Bartok, Joe Lo Truglio, John Slattery, Maile Flanagan, Sarah Bolger. Argumento: Tom McCarthy. Fotografia: Oliver Bokelberg. Música: Stephen Trask. Guarda-roupa: Jeanne DuPont. EUA, 2003, Cores, 86 min.

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