Atraem-me
irresistivelmente os filmes vindos de uma América desmesurada, desgarrada, feita
de estradas e caminhos-de-ferro sem fim. Também de personagens mais esquecidas
que perdidas, mais solidárias que solitárias, onde os velhos cowboys são substituídos
por almas boas que se desencontram encontrando-se ao balcão de um diner ou à mesa de plástico de uma
rulote de petiscos cubanos.
Fin
(Peter Dinklage), trainspotter, miniaturista
e conservador de kits ferroviários, recebe de herança uma velha estação de
caminhos-de-ferro desactivada. Muda-se para lá procurando recato. Mas ali
perto, todas as manhãs, Joe (Bobby Cannavale) instala uma rulote onde vende
iguarias cubanas e cafés. Olivia (Patricia Clarkson) vive por perto e é uma das
clientes diárias, apesar de ter uma péssima condução. Emily
(Michelle Williams) trabalha na biblioteca local e aceita a requisição de um
livro sobre comboios de Olivia já que Fin ainda não tem o comprovativo de
morada…
As
cartas estão dadas, nada há a esconder. Todos eles têm algo a ganhar, como algo
a perder, ou a esquecer.
Pode
não ser o melhor filme do mundo mas é como uma fábula doce ou uma parábola
benfazeja. A ternura que emana das personagens faz-nos bem à alma, acarinhando-as
e relembrando-nos de uma América que ainda nos é tão grata, tão ética, afectivamente
tão bela e solidária!
Jef,
janeiro 2021
«A
Estação» (The Station Agent) de Tom McCarthy. Com Peter Dinklage, Patricia
Clarkson, Bobby Cannavale, Paul Benjamin, Michelle Williams, Jase Blankfort, Paula
Garcés, Josh Pais, Richard Kind, Lynn Cohen, Raven Goodwin, Marla Sucharetza, Jayce
Bartok, Joe Lo Truglio, John Slattery, Maile Flanagan, Sarah Bolger. Argumento:
Tom McCarthy. Fotografia: Oliver Bokelberg. Música: Stephen Trask. Guarda-roupa:
Jeanne DuPont. EUA, 2003, Cores, 86 min.
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