sábado, 17 de fevereiro de 2024

Sobre o disco «Multitudes» de Feist, Polydor / Universal, 2023


 


















Após «Pleasure» (2017), essa espécie de abraço à pop lançada sobre o rock, as longas faixas conceptuais, de espírito sinfónico, e os coros a prolongarem-se pelo fim das canções, ao fundo dos estúdio-palco, Leslie Feist aterra na balada mais pop quase folk, ou vice-versa, (não esquecer as colaborações que a cantora tem tido com os noruegueses Kings of Convenience).

São 12 canções quase lineares a tocar o passado e o reflexo que ele tem constantemente no presente. Nós e o outro num lugar onde a presunção de mantermos o equilíbrio, exactamente com o outro, é posto diariamente em causa:

«How can I know what to do?

What´s harder that finding my place in the truth

Is to keep it a secret once I do

‘Cause it might hurt someone more than I would want to».

A Terra, a Mulher, os Amigos Tristes, a Solidão, a Tentativa Reiterada, o Amor Fugitivo, a Morte, o Futuro e a Esperança numa produção muito simples, quase acústica, a lembrar a bela, híbrida e melódica transgressão feminina de Leyla McCalla, Haley Heynderickx, Fiona Apple ou das irmãs Ibeyi.

Tudo está aqui a descoberto e encantado nas canções de Feist no interior de um álbum íntegro e adulto.


jef, fevereiro 2024

Sem comentários:

Enviar um comentário