sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Sobre o filme «A Coleccionadora» de Éric Rohmer, 1967






























A história é muito simples. Ou quase nenhuma.

No tédio do Verão no Sul de França, o dândi Adrien (Patrick Bauchau) resolve fazer umas férias saudáveis de levantar cedo e fazer exercício (ligeiro). Lá em casa está o seu amigo, o artista diletante Daniel (Daniel Pommereulle). Mas também Haydée (Haydée Politoff), a jovem de sorriso enigmaticamente adolescente, desinibida, libertária que entre o nada fazer (tal como os seus dois companheiros de férias) vai colecionando namoros. Adrien resolve resistir-lhe por princípio mas o enfado não o deixa sossegado. Nem as obras completas de Rousseau o distraem. Nem o dourado corpo de Haydée. Esta joga a cartada do ciúme com Daniel.

Entretanto, uma preciosíssima e antiquíssima jarra chinesa é quebrada…

Rohmer envolve-se com o grupo de jovens artistas, «o grupo de zanzibar», alguns dos quais vêm a participar no filme, escrevendo-lhe os diálogos e representando-os. No fundo, questionavam o diletantismo e o aborrecimento burguês, a sedução e o poder numa sociedade que parecia não ter saída, uma sociedade que mordia o seu próprio rabo.

O Maio de 68 apressava-se!

Dos contos morais de Éric Rohmer, este é o quarto e aparece-me como o mais inteligente e sarcástico prólogo de “Week-End» de Jean-Luc Godard.

 

jef, agosto 2021

«A Coleccionadora» (La collectionneuse) de Éric Rohmer. Com Patrick Bauchau, Haydée Politoff, Daniel Pommereulle, Seymour Hertzberg, Mijanou, Annick Morice, Denis Berry, Alain Joufroy. Argumento: Éric Rohmer e diálogos de Patrick Bauchau, Haydée Politoff, Daniel Pommereulle. Produção: Georges De Beauregard, Barbet Schroeder. Fotografia: Néstor Almendros. Música: Blossom Toes, Giorgio Gomelsky. França, 1967, Cores, 83 min.

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