sexta-feira, 1 de julho de 2022

Sobre o filme «Os Encontros de Paris» de Éric Rohmer, 1995



























Digamos que são três curtas histórias passadas em Paris, sobre rendez-vous que acabam mais em desencontros do que encontros, manobrados tanto pelo acaso como pela libido do namoro. Éric Rohmer encurta-se no lado filosófico ou literário que tanto gosta de colocar no comportamento das suas personagens e entrega-lhes o lado mais casual da perseguição que o instinto amoroso contém.

Talvez o primeiro, «O encontro das 7 da tarde», junto à Praça Beaubourg e à fonte Stravinsky se aproxime mais do lado lúdico rohmeriano onde o fortuito vai costurando a intriga e esta segue a jovialidade de Esther (Clara Bellar) até à evidência suspeitada.

Já em «Os Bancos de Paris», ela (Aurore Rauscher) e ele (Serge Renko) percorrem os bancos de jardim parisienses, desde os jardins do Luxemburgo ao Buttes Chaumont, namoriscando e filosofando até chegar a um beco sem saída, o empedernido passado.

Em «Mãe e Filho, 1907», tudo circula em redor da atracção que este quadro do Museu Picasso produz nos respectivos espectadores. Principalmente a atracção que se apodera de um jovem pintor (Michael Kraft) por uma atenta observadora (Bénédicte Loyen) que ali toma notas para uma posterior impressão da pintura.

Tudo é talvez fugaz, talvez inconsequente, porém a realidade do desejo é tão real como definitiva. Éric Rohmer manobra os seus filmes sempre sobre o duplo fio dessa suave navalha.


jef, junho 2022

«Os Encontros de Paris» (Les Rendez-vous de Paris) de Éric Rohmer. Com Clara Bellar, Antoine Basler, Mathias Mégard, Judith Chancel, Malcolm Conrath, Cécile Parès, Olivier Poujol, Aurore Rauscher, Serge Renko, Michael Kraft, Bénédicte Loyen, Veronika Johansson, Florence Levu, Christian Bassoul. Argumento: Éric Rohmer. Produção: Françoise Etchegaray. Fotografia: Néstor Almendros. Música: Sébastien Erms. França, 1995, Cores, 98 min.

               

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