quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Sobre o disco «Secular Hymns» de Madeleine Peyroux, Impulse! / Universal 2016













Passam 20 anos de um dos meus discos predilectos: «Dreamland»! Eis «Secular Hymns», o sétimo álbum de originais de Madeleine Peyroux!
Volta ela de voz mais modelar, mais doce, mais redonda, talvez mais grave, mais terna no vibrato, no pianissimo. Caramba! Agora, mais ninguém lhe poderá chamar a Billie Holiday do Canadá. Ponto final.
Não sei como, Madeleine Peyroux dá a volta ao mundo, o jazz, o blues, o gospel, o funk, a soul, o reggae, a folk, e regressa ao seu carinhoso universo particular (como diria Marisa Monte).
Produz o próprio disco, grava-o ao vivo numa pequena igreja perdida na Inglaterra rural, à antiga. Dá-lhe toda a intensidade acústica desse espaço, desses espectadores. Mas retira-lhes o som das palmas. Um facto que ainda o torna mais íntimo, mais teatral. O eco a vibrar no tecto altivo é a única prova, a sua doçura.
Porque este é um falso «acústico». (Vá lá saber porque chamam isso a certas gravações… Não será até o silêncio «acústico», segundo as leis que aprendi nos livros de Física?) Aqui apenas o seu trio: John Herington na guitarra eléctrica e Barak Mori no contrabaixo baixo, upright ou double bass, como lhe chamam…
Mas também John Herington e Barak Mori cantam e fazem o coro à linha vocal da cantora. E Madeleine Peyroux acompanha-os com a guitarra acústica e o «guilele». Só a percussão das cordas e a respectiva ressonância. Digamos que em certas alturas soa a «country a capella» ou «folk de câmara»...
E para meu supremo deleite ainda aqui venho encontrar «Tango Till They’re Sore» vindo do maravilhoso «Rain Dogs» (Island, 1985) do maravilhoso Tom Waits.

Porque todos os hinos seculares só podem ser hinos populares. Porque são símbolos da alegria e da espiritualidade que deveria assistir a toda humanidade.


jef, setembro 2016

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